O Brasil fechou seu terceiro trimestre consecutivo na lanterna do crescimento entre os Brics, o grupo formado pelo País e pela Rússia, China, Índia e África do Sul (este último foi incluído no grupo político, embora não fizesse parte na concepção original do economista britânico Jim O'Neill).
Com crescimento de 0,5% no segundo trimestre, ante o mesmo período de 2011, o Brasil ficou atrás da África do Sul (3,2%), da Rússia (4%), da Índia (5,5%) e da China (7,6%). No último trimestre de 2001 e no primeiro de 2012, o Brasil também foi o Bric que menos cresceu.
O fraco desempenho do Brasil no primeiro semestre, quando cresceu apenas 0,6%, deve confirmar o recuo do País para a sétima posição no ranking das maiores economias, como já está previsto pelas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para este ano. Apesar da recessão britânica, o Reino Unido deve recuperar a sexta posição perdida para o Brasil no fim do ano passado.
Em levantamento da Austin Asis sobre 35 países que já divulgaram o PIB do segundo trimestre, o Brasil aparece atrás de todos os latino-americanos que constam da lista. Na comparação com o mesmo trimestre de 2011, o Chile cresceu 5,5%, a Venezuela, 5,4% e o México, 4,1%.
Até os Estados Unidos, que ainda às voltas com o rescaldo da grande crise global, tiveram resultado melhor do que o Brasil no segundo trimestre. A economia americana cresceu 2,3% no segundo trimestre, comparada com o mesmo período de 2011.
De forma geral, os países com desempenho ainda pior do que o Brasil no segundo trimestre se concentram na Europa, onde a crise do euro provoca estrago no crescimento da região.
A Grécia, por exemplo, teve um recuo do PIB de 6,2% no segundo trimestre, comparado a igual período de 2011. No caso de outros países do euro que passam por sérios problemas com suas dívidas soberanas, como Portugal, Itália e Espanha, houve recuos, naquela mesma base de comparação, de respectivamente 3,3%, 2,5% e 1% no segundo trimestre de 2012.
Felipe Queiroz, economista da Austin Asis, observa que o Brasil fica numa posição intermediária, em termos da desempenho no segundo trimestre, quando se pensa no conjunto de países com resultado já divulgado. Entre os emergentes, porém, o resultado brasileiro é pior. "A concorrência internacional afetou de forma particular a nossa indústria", nota Queiroz.
No caso do México, por exemplo, que vem sendo comparado ao Brasil e considerado a "nova estrela" latino-americana, o melhor resultado no segundo trimestre, segundo o economista, deve-se à proximidade com os Estados Unidos, cuja economia, embora longe de ter recuperado o dinamismo, ensaiou uma tímida reação.
As exportações mexicanas aumentaram o market share nos Estados Unidos, a indústria automobilística do país está num bom momento e o custo do trabalho contido atrai fábricas e tornou-se competitivo até em relação à China.
Fonte: AE
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