A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) fez um estudo sobre exportações e importações do país, e uma das conclusões mostra a fraqueza do mercado interno, ou seja, da economia brasileira em 2014. Como se sabe, a AEB prevê, este ano, exportações de US$ 228,2 bilhões, com queda de 5,8% sobre o ano passado; nas importações, que deverão chegar a US$ 227,6, a redução sobre 2013 será de 5%. O superávit será de módicos US$ 635 milhões, valor ínfimo comparado com o saldo comercial recorde de US$ 46,4 bilhões de 2006.
Ao abordar a queda nas importações, a AEB traça um cenário nebuloso da economia brasileira: “A queda na importação alcança todas as categorias, devido à redução do consumo interno das famílias, comprometimento da renda, crescimento da inadimplência, menor geração de empregos, elevação dos juros, redução de investimentos, queda da atividade industrial e do PIB, seletividade nos financiamentos, aumento da inflação, mesmo com a atual taxa de câmbio representando fator de estímulo à importação”. O estudo cita que, qualquer que seja a taxa cambial vigente no segundo semestre, não haverá impacto sobre as exportações ou importações, que estão mais sujeitas a fatores econômicos.
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O temor de menor exportação industrial e dependência de produtos primários – commodities, como minério de ferro e soja – é realidade. O documento da AEB relata que a queda nas exportações de manufaturados, este ano, será de expressivos 13,8% e, assim, as commodities representam 65% da pauta de exportações. Os números só não serão piores porque, em 2014, em relação a 2013, se deverá computar redução de 11% nas importações de petróleo. Dia 7, começa, no Rio, a 33ª. edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), que terá como tema a redução de custos para se exportar mais.
Por fim, mais um dado triste para o Brasil 2014. O comércio internacional deverá subir 4,7%, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Como o fluxo brasileiro para o exterior deverá diminuir, a participação brasileira nas trocas internacionais, que foi de 1,32% no ano passado, este ano deverá se limitar a 1,19%. Para a 7ª. economia do mundo, o Brasil é um anão na área externa. O Brasil, que foi, em 2013, o 22º maior exportador do mundo, deverá cair algumas casas nessa escala. Em 2014, o país chegará ao quarto ano seguido de queda nas exportações, ou seja, as vendas para o exterior diminuíram em todos os anos sob a gestão de Dilma Rousseff – o que não equivale a atribuir culpa direta à presidente.
Se o país seguiu o sonho da industrialização, no governo de Juscelino Kubitschek, na década de 1950, agora seu principal item de venda externa será, em 2014, minério de ferro, com US$ 30 bilhões – com elevação de 6% na quantidade e queda de 13% no preço.
Fonte: Monitor Mercantil\Sergio Barreto Motta