O Brasil, ao lado da Austrália e da Tailândia, estuda pedir consultas na Organização Mundial do Comércio sobre a exportação de açúcar pela União Europeia, que superou neste ano a cota fixada pela entidade. Ontem, os três países criticaram a medida no Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC, chamando-a de violação (a ação não tem peso legal).
"Estamos cogitando [pedir a abertura de um painel], mas dependerá ainda de consultas e deliberações tanto internas quanto com os europeus", disse à Folha o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo.
A UE anunciou no fim de janeiro que exportaria até o fim de julho deste ano mais açúcar do que o permitido em sua cota de quase 1,3 milhão de toneladas, alegando que os preços estavam pressionados e sua produção havia sido muito alta.
A Austrália, no entanto, afirmou ontem que a produção europeia de beterraba (vem dela o açúcar do bloco) cresceu somente 3,9% no período em questão, enquanto as exportações subiram 146% em 2009-2010, na comparação com a safra do ano anterior.
O Brasil calcula que o excedente seja de ao menos 500 mil toneladas e diz não haver prova de que ele tenha sido produzido sem subsídios, como alega a União Europeia. Segundo o comunicado, já no fim de janeiro a tendência de preços se inverteu e o país perdeu "milhões de dólares".
A principal preocupação dos três países, que protestam por não terem sido consultados, é que a medida que em tese expira em julho abra precedentes.
Ante esse prazo, qualquer ação terá de ser rápida. Reuniões com a União Europeia já foram agendadas para debater a questão e tentar evitar uma ação na OMC. "Nossa conversa com a UE é mais sobre o longo prazo", disse Azevedo.
"Os produtores europeus serão estimulados a produzir mais excedente de açúcar", afirma o texto brasileiro. "E os mercados vão faturar -já faturam- nos preços futuros a expectativa com a nova política da União Europeia", completa o texto.(Fonte: Folha de S.Paulo/LUCIANA COELHO/DE GENEBRA)
PUBLICIDADE