O Brasil figura ao lado de África do Sul, da Itália e do Sudeste Asiático na lista dos países e regiões onde a quarta revolução industrial terá impacto predominantemente negativo no mercado de trabalho. A principal aposta das companhias brasileiras para fazer frente aos desafios tecnológicos tem sido os investimentos na requalificação de seus empregados, segundo relatório divulgado hoje pelo Fórum Econômico Mundial.
Com base em entrevistas respondidas por chefes das áreas de recursos humanos de grandes empresas, o fórum identificou os setores de energia e tecnologia de informação como aqueles onde pode haver maior encolhimento da mão de obra até 2020 no Brasil, sobretudo em decorrência de inovações promovidas pela nova revolução industrial. Estima-se uma perda líquida de 5% a 6% dos postos de trabalho atuais. O segmento de mobilidade, que inclui transportes e logística, tem panorama positivo.
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Índia, México, Turquia e os países do Conselho de Cooperação do Golfo - Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes, Kuwait e Omã - são apontados como potenciais beneficiários das mudanças. Os demais, incluindo Estados Unidos e China, ficam com perspectiva neutra.
Lançado na antevéspera da reunião anual de Davos e intitulado “Futuro dos Empregos”, o relatório observa que, em muitos países e indústrias, a maioria das especialidades simplesmente não existia apenas dez anos atrás. E o ritmo das mudanças deve acelerar: 65% das crianças que chegam ao ensino fundamental hoje vão acabar trabalhando com sistemas e processos que ainda não existem.
Por isso, a mensagem do fórum é clara: “As últimas ondas de avanços tecnológicos e mudanças demográficas levaram a mais prosperidade, produtividade e criação de empregos. Isso não significa, porém, que essas transições estão livres de riscos ou dificuldades. Antecipar-se e preparar-se para a transição atual é necessário”.
A pesquisa abrange 371 companhias que empregam atualmente 13 milhões de pessoas em nove setores da indústria. O objetivo foi entender, nos 15 países pesquisados, como o pessoal de RH vê as perspectivas de suas empresas nos próximos cinco anos. Três grandes consultorias do setor - Adecco, Manpower e Mercer - ajudaram na metodologia.
Fonte: Valor