O Brasil sinalizou à China que espera ver resolvidos pelo menos dois obstáculos imediatos que afetam exportações de carne bovina e aviões da Embraer, durante a maior reunião de alto nível que ocorre anualmente entre os dois parceiros.
"O governo brasileiro atribui grande importância a essas duas questões, que são pontuais, mas representam muito comércio", diz o embaixador do Brasil em Pequim, Valdemar Carneiro Leão. Ele avalia que os sinais de desaceleração da economia chinesa já desapareceram. A economia está melhorando e isso é uma boa notícia para exportadores brasileiros.
O terceiro encontro da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), uma das maiores bilaterais que o Brasil tem no mundo, dessa vez ocorrerá no dia 6 de novembro em Cantão (China). A delegação brasileira será chefiada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e a delegação chinesa por um vice-primeiro ministro.
Maior parceiro comercial do Brasil, a China é um dos poucos países que continua interditando a entrada da carne bovina brasileira, depois de registro de um caso doença de vaca louca no Paraná, 2011, que já foi superado inclusive na Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). O Ministério da Quarentena, da China, demorou dois meses para responder movimentações recentes do Brasil, e alegou que o Ministério da Agricultura brasileiro não ofereceu todas as informações pedidas.
O mercado chinês consome cada vez mais carne e continuará crescendo. O Brasil vende muita carne para Hong Kong e grande parte dessa exportação vai para a China. Mas o embargo formal por Pequim é visto como um peso ao selo de qualidade que os produtores brasileiros procuram manter no mercado internacional. Com a ênfase colocada pelos exportadores brasileiros na obtenção de habilitação para vários frigoríficos, nos próximos dias Pequim deve sinalizar até que ponto vai negociar o tema no encontro.
A segunda dificuldade no centro da agenda da Cosban envolve exportações da Embraer. O construtor aeronáutico já vendeu 165 aparelhos na China. Desses, foram entregues 130. Os outros estão pendentes de autorização de Pequim, que sempre dá tudo na base do conta-gotas, causando problemas para quem compra e para quem vende. As reuniões da Cosban são sempre uma ocasião para se obter alguma liberação.
Ao mesmo tempo, Pequim tenta estimular a produção do próprio jato regional chinês, com subsídios que estão no alvo de outros construtores. A Embraer abandonou o projeto de produzir jato regional localmente e começou a produzir jato executivo. Por outro lado, o Banco do Brasil aguarda a autorização final para abrir sua primeira agência na China, no começo de 2014, em Xangai.
A comissão sino-brasileira inclui 11 subcomissões, responsáveis pelos campos político; econômico-comercial; econômico-financeiro; de inspeção e quarentena; de agricultura; de energia e mineração; de ciência, tecnologia e inovação; espacial; de indústria e tecnologia da informação; cultural, e educacional.
Fonte:Valor Econômico/Assis Moreira | De Genebra
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