SÃO PAULO - Após quase um ano de negociações, a Braskem venceu a disputa com grupos estrangeiros e anunciou ontem, terça-feira, 17, a aquisição da Solvay Indupa, concorrente no mercado local de PVC. A operação, avaliada em US$ 290 milhões, torna a Braskem a quarta maior fabricante de PVC das Américas, além de única fabricante nacional da resina. Desde 2010, quando anunciou a aquisição da Quattor, a Braskem também não possuía concorrentes brasileiros nos mercados de polipropileno e polietilenos.

Ao incorporar a concorrente, cujo faturamento anual está estimado em aproximadamente US$ 750 milhões, a Braskem deve atingir a marca de R$ 40 bilhões em faturamento anual. A operação, contudo, ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e de autoridades regulatórias argentinas.

A diretoria da Braskem evitou fazer projeções de quando a transação poderá receber o aval do Cade, mas mostrou otimismo em relação à aprovação. "Está estabelecido no Brasil que o mercado de resinas é um mercado global", afirmou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, reproduzindo entendimento do Cade no processo de análise da compra da Quattor. Mesmo após a aquisição da Solvay, a Braskem terá uma participação de mercado de apenas 2% na indústria global de PVC, segundo Fadigas.

Localmente, porém, a operação é relevante. A capacidade instalada de PVC da Braskem será ampliada de 710 mil para 1,250 milhão de toneladas anuais, aproximadamente metade do mercado sul-americano. A aquisição da Solvay Indupa também representa o ingresso da Braskem no mercado produtivo argentino, assim como a possibilidade de produzir PVC na região Sudeste, principal mercado consumidor do Brasil. A Braskem opera, até o momento, fábricas de PVC apenas em Alagoas e na Bahia.

A proximidade com o mercado da região Sudeste justifica a intenção da Braskem de promover uma ampliação na fábrica da Solvay Indupa localizada em Santo André. A expansão comentada hoje por Fadigas seria de 50 mil toneladas anuais, ou 15% da atual fábrica local, mas ainda não tem uma data para ocorrer. O mercado brasileiro de PVC movimenta mais de 1 milhão de toneladas anuais e tem registrado crescimento aproximado de 5% ao ano.

Aquisição

O acordo estimado em US$ 290 milhões não deverá provocar mudanças no nível de endividamento da Braskem, segundo o vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores Mario Augusto da Silva. Isso porque a transação prevê que a Braskem assumirá uma parte das dívidas da Solvay Indupa. "(A aquisição) terá uma parcela bem pequena de caixa. Por isso, do ponto de vista da alavancagem, ela é neutra", disse o executivo sem revelar valores.

O montante de US$ 290 milhões divulgado hoje pela Braskem considera, além da assunção de dívidas da Solvay Indupa, a intenção da Braskem de realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) das ações representativas de 29,41% do capital da Solvay Indupa. O acordo formalizado hoje envolve apenas 70,59% do capital da Solvay Indupa detido pela Solvay Argentina, uma empresa do Grupo Solvay. Dessa forma, a transação anunciada hoje está avaliada em aproximadamente US$ 200 milhões, sendo o restante destinado à futura OPA, sem considerar o valor referente às dívidas a serem assumidas.

Concluído o acordo, o número de fábricas operadas pela Braskem saltará de 36 para 40 unidades, das quais 31 fábricas no Brasil e nove no exterior (Argentina, Estados Unidos e Alemanha). A capacidade instalada de produção de resinas termoplásticas da Braskem, categoria na qual estão incluídos o PVC, o polietileno e o polipropileno, crescerá 7% após a incorporação da Solvay, de 7,68 milhões para 8,22 milhões de toneladas anuais, reforçando assim a condição de líder na produção de resinas termoplásticas alcançada pela Braskem desde que iniciou seu movimento de internacionalização.

Criada em agosto de 2002, a Braskem deu seu primeiro passo internacional em 2010, quando adquiriu ativos da Sunoco Chemicals nos Estados Unidos, dias após o anúncio de compra da Quattor. No ano seguinte, a Braskem anunciou a compra de ativos da Dow Chemical nos Estados Unidos e na Alemanha, e com isso se tornou a maior fabricante de polipropileno do mercado norte-americano e uma das referências do mercado petroquímico mundial.

Fonte:ANDRÉ MAGNABOSCO - Agencia Estado

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