Diante da expectativa de menor ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2014, o mercado nacional de resinas também deverá evoluir mais lentamente do que o esperado, na avaliação do presidente da Braskem, Carlos Fadigas. Agora, a direção da maior petroquímica das Américas vê expansão de 1,5% a 2% na demanda, ante previsão anterior de crescimento de 3% ou mais.
"Com relação ao mercado brasileiro, esperamos um crescimento em linha com o PIB. Essa é a melhor estimativa que posso fornecer", afirmou o executivo, após divulgação dos resultados no primeiro trimestre.
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De janeiro a março, a demanda brasileira por resinas termoplásticas - polietileno (PE), polipropileno (PP) e policloreto de vinila (PVC) - somou 1,3 milhão de toneladas, com aumento de 3% na comparação anual.
Esse ritmo, contudo, não se manteve em abril, ressaltou Fadigas. "O primeiro trimestre foi mais aquecido do que o esperado, mas já vimos um arrefecimento", comentou.
Uma parte do bom desempenho do mercado no começo do ano pode estar relacionada à antecipação de compra de resinas, pela indústria, com vistas a atender a demanda no período de Copa do Mundo. No trimestre, as vendas da Braskem somaram 901 mil toneladas, com queda de 2% na comparação anual. "Junho vai ser um mês mais fraco, com número de dias úteis pequeno", lembrou o executivo.
Apesar da queda nas vendas, em volume, a Braskem registrou receita líquida trimestral de R$ 11,84 bilhões, com avanço de 25% na comparação com os três primeiros meses do ano passado, diante da recuperação dos preços dos petroquímicos, da valorização média de 18% do dólar e do maior volume de revenda.
A Braskem segue atenta a oportunidades de venda de ativos não estratégicos, mas não há negócios em vista
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado ficou em R$ 1,64 bilhão no período, com crescimento de 73%, e o lucro líquido alcançou R$ 396 milhões, uma alta de 70% na comparação anual.
A melhora na última linha do balanço foi impulsionada também pela venda de ativos integrantes da unidade de tratamento de água (UTA) do Polo de Triunfo (RS), por R$ 315 milhões, o que gerou ganho de R$ 277 milhões no trimestre.
De acordo com Fadigas, a Braskem segue atenta a oportunidades de venda de ativos não estratégicos, porém não há nenhum negócio em vista no momento. Nessa linha, são consideradas "candidatas naturais" a possíveis alienações as áreas de logística, como armazéns e terminais portuários, e de utilidades (tratamento de efluentes, por exemplo).
"Vamos continuar atentos a possíveis oportunidades de alienação", reiterou o executivo, acrescentando que estar fora do foco de negócios da petroquímica e gerar ganhos econômicos são critérios cruciais para a decisão de venda.
Uma das prioridades da companhia petroquímica no curtíssimo prazo - além da continuidade de estudos ou da execução de projetos de investimento no México, nos Estados Unidos e no Brasil (Comperj) - é a renovação do contrato de fornecimento de nafta com a Petrobras. "Houve uma prorrogação do contrato firmado há cinco anos e, neste momento, não há nenhuma novidade [sobre as negociações relativas ao novo acordo quinquenal]", disse.
No início do ano, as duas companhias prorrogaram por pelo menos seis meses o contrato que estava em vigor para a entrega de nafta, principal matéria-prima da Braskem. A estatal, que é acionista relevante da petroquímica, fornece 70% do insumo consumido anualmente pela Braskem, que é de aproximadamente 10 milhões de toneladas - o restante é importado da Argélia, Venezuela e Argentina.
Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo