A indústria de eletroeletrônicos de Minas Gerais começa a apresentar sinais de recuperação. O câmbio atual, com o dólar valorizado frente ao real, é o principal fator que está provocando o “otimismo moderado” do setor, já que as empresas, mesmo pagando mais caro para importar alguns componentes, exportam maior volume de produtos acabados, com maior valor agregado.
“O que aconteceu com a indústria de eletroeletrônicos no Brasil, e Minas é espelho da situação nacional, foi queda brusca no faturamento e nas vendas até o ano passado. Porém, hoje, a impressão é de um certo otimismo moderado e há indícios que o setor vai começar a tomar o rumo do crescimento nos próximos meses”, afirma o diretor da regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) no Estado, Alexandre Magno D’Assunção Freitas.
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Segundo ele, o principal fator da retomada de um eventual crescimento no setor é o câmbio. “Para o setor, o dólar perto dos R$ 4 estava alavancando os investimentos das empresas em exportação e melhorando os negócios. Hoje, na faixa dos R$ 3,30 ainda está favorável, mas, se cair mais, começará a causar problemas para o exportador”, explica.
Para o importador, ressalta Freitas, apesar de o dólar valorizado encarecer os produtos comprados no exterior, a conta também fecha no azul porque a maior parte das importações do setor é de componentes. Assim, a empresa importa o componente, mas exporta o produto acabado, com maior valor agregado. “A ideia é importar componentes para exportar produto pronto”, resume.
Por outro lado, o diretor regional da Abinee lamenta a volatilidade do câmbio no Brasil. “Esse é o grande problema porque com essa falta de previsibilidade fica difícil fazer planejamento porque não sabemos como o câmbio vai estar e se o dólar estiver muito baixo, vai destruir a competitividade da indústria no mercado interno e no externo”, disse.
Demissões - Mesmo com os sinais de melhora graças ao aumento das exportações, a indústria eletroeletrônica de Minas demitiu pessoal neste ano. Com base em dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que segundo Freitas são os melhores números regionalizados para ilustrar a situação do setor, a indústria de máquinas e materiais elétricos registrou queda de 13,4% no nível de empregos no acumulado deste ano até maio contra o mesmo período de 2015.
A indústria elétrica e eletrônica é composta por vários segmentos, como geração, transmissão e distribuição de energia, telecomunicações, automação industrial, eletroeletrônicos e informática. E mesmo com a crise que assola o País e prejudicou o setor nos últimos anos, a única área que conseguiu manter o giro nos negócios e ter um desempenho um pouco melhor foi a de smartphones, tablets e informática.
Nas contas da Abinee, todos os segmentos que compõem a indústria elétrica e eletrônica do Estado geram de 12 mil a 15 mil postos de trabalho diretos. Ao todo, calcula-se que são aproximadamente 200 empresas do setor. Minas representa entre 7% e 8% do todo o parque nacional.
Fonte: Diario do Comercio/Leonardo Francia