Mesmo com adiamento da operação financeira para setembro, data não está totalmente garantida, afirma governo
Para equipe de Lula, clima eleitoral no mês de setembro poderá interferir no processo e afetar preço das ações
DE BRASÍLIA - Embora a Petrobras tenha adiado sua operação de capitalização para setembro, o governo Lula considera que essa data ainda não está totalmente garantida.
Assessores do presidente disseram à Folha que tecnicamente é possível montar a operação para setembro, mas sua realização dependerá mais da situação do mercado na época.
A principal preocupação é que o mercado pode ser afetado pelo clima eleitoral no mês de setembro, quando a eleição estará na fase mais quente no primeiro turno.
Segundo um assessor de Lula, se a eleição estiver indo para o segundo turno, haverá clima de indefinição sobre o que pode acontecer com a estatal no futuro governo.
Esse ambiente de incerteza irá influenciar o preço das ações, podendo desaconselhar que a capitalização seja feita antes das eleições. O governo, porém, quer fazê-la ainda neste ano.
A decisão de adiar a operação foi tomada em reunião do conselho de administração da Petrobras na sexta -e divulgada anteontem.
O presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, insistia em fazer a operação em julho, que pode elevar o capital em até R$ 100 bilhões -considerada a maior do mundo.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) informou, porém, que a área jurídica concluiu ser impossível fazer a operação sem avaliação da Agência Nacional do Petróleo sobre o preço do barril que a União usará no processo.
A parte de aumento de capital da União será feita por meio da cessão de 5 bilhões de barris para a Petrobras. O cálculo será feito por meio de consultorias contratadas pela estatal e pela ANP. A da Petrobras já está concluída. A da agência foi contratada nesta semana.
REGRA
Essa regra está prevista no projeto de lei aprovado no Congresso que prevê a capitalização da empresa por meio da cessão de barris da União. A estatal queria iniciar o processo só com sua avaliação, para depois fazer o ajuste quando o cálculo da ANP fosse concluído.
O governo, porém, cravou que essa era uma saída arriscada, já que os acionistas minoritários entrariam na Justiça contestando o valor.
Segundo a Folha apurou, o governo também não queria calcular o valor do barril na "correria". Afinal, a tendência é a Petrobras fixar um valor do barril mais baixo, enquanto a União quer um preço mais alto.
Fonte: Folha de S.Paul/VALDO CRUZ
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