A necessidade de captação total de recursos da Petrobras entre 2010-2014 é de US$ 96 bilhões. Deste montante, US$ 38 bilhões serão relativos às amortizações de dívida que a estatal terá que efetuar no período, explicou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Almir Barbassa.
- Vamos um gerar um caixa de US$ 155 bilhões no período de 2010-2014, após o pagamento de dividendos. Como estamos projetando um investimento de US$ 224 bilhões, temos uma necessidade de captação de US$ 58 bilhões - acrescentou.
Segundo Barbassa, isso significa que a Petrobras precisaria captar, por ano, algo em torno de US$ 12 bilhões para financiar os seus investimentos.
- Se incluirmos a necessidade de recursos para amortização, a captação anual seria de US$ 19 bilhões por ano, o que não está fora do que temos trabalhado - afirmou.
Os recursos para captação líquida de US$ 58 bilhões virão de novas emissões de dívidas e da capitalização da empresa - esta última operação deverá injetar US$ 25 bilhões no caixa da estatal. Barbassa comentou que, considerando os investimentos da estatal e dos seus parceiros, os investimentos previstos para o período somam US$ 270 bilhões, sendo algo em torno de US$ 46 bilhões dos sócios da empresa.
- Com isso, vamos injetar uma demanda de conteúdo nacional superior aos US$ 28 bilhões anuais indicados no plano.
Os US$ 28 bilhões por ano, citados pelo executivo, se referem à participação de 67% dos fornecedores locais na contratação dos investimentos de US$ 212 bilhões previstos pela Petrobras para o Brasil no período.
Capitalização - A Petrobras deu mais um passo rumo à sua capitalização, que deverá ser concluída "impreterivelmente" até o final de julho, como já afirmou José Sérgio Gabrielli. O aumento de capital em um montante de até R$ 150 bilhões (limite permitido pela regra estatutária da companhia) foi aprovado nesta terça-feira, em assembléia geral que reuniu apenas cerca de 60 representantes de acionistas que compunham 85% dos acionistas ordinários com direito a voto. Vale destacar que a União sozinha representa 55% deste capital.
Houve manifestações contrárias ao processo de aumento de capital.
- Será um extermínio dos acionistas minoritários - foi uma das frases ouvidas na sessão, em relação ao benefício que o governo terá por não "sofrer uma sangria em seu caixa".
Partilha - Concluída a assembléia, o mercado que já contava com a certeza da aprovação do processo, o mercado ficou na expectativa com relação ao comentário do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a capitalização poderia ocorrer por meio do sistema de partilha. Por este processo, a União faria um contrato com a Petrobras, no qual entregaria o campo para a empresa explorar e determinaria uma porcentagem para a União e outra para a empresa. Por esse sistema, a Petrobras paga um bônus de partilha à União sem impacto fiscal.
A alternativa valeria principalmente caso a Agência Nacional do Petróleo (ANP) não conseguir concluir até o final de julho a auditoria sobre as áreas do pré-sal que podem ser utilizadas na cessão onerosa.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que o possível plano B considerado pela União para capitalizar a estatal por meio dos contratos de partilha de produção é uma "alternativa teórica", e que "a lei para a transferência dos 5 bilhões de barris é uma alternativa que precisa ser aprovada primeiro".
Pelos termos originais da operação, a União prevê transferir áreas com reservas recuperáveis de petróleo de até 5 bilhões de barris de óleo equivalente por meio da cessão onerosa.
Plano de negócios para 2010-2014 - Como parte de medida adotada em seu Plano de Negócio para o período entre 2010-2014, a Petrobras antecipará a produção de reservas do pré-sal no campo de Baleia Azul, localizado no Espírito Santo, para 2012. O projeto terá capacidade de 100 mil por dia.
Além de Baleia Azul, outros sete projetos do pré-sal entrarão em produção no período do plano estratégico: Cachalote, piloto de Tupi, os testes de longa duração de Tupi Nordeste, Guará e Tiro (estes em 2010) e os pilotos de Guará (2013) e Tupi Nordeste (2014).
A antecipação dos projetos levou a empresa a rever a curva de produção do pré-sal, que atingirá seu pico antes do projetado anteriormente. Por isso, a produção projetada para 2014 é maior que no plano anterior, chegando a 241 mil de barris diários. Já a estimativa para 2020 foi reduzida, de 1,8 milhão para 1,078 milhão de barris por dia. A companhia reforçou que essa estimativa contempla apenas as descobertas já feitas, que pode ser revista para cima a partir de novas descobertas no pré-sal.
Polo gás-químico - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli informou que a estatal construirá um pólo gás-químico, também no Espírito Santo, com o objetivo de desenvolver mercados mais flexíveis para o gás natural e agregar valor ao insumo.
- Investiremos em um complexo gás-químico no Espírito Santo, que irá produzir diversos produtos, entre eles o metanol - afirmou o executivo, sem fornecer maiores detalhes sobre o empreendimento. O novo projeto prevê investimentos de US$ 5,7 bilhões em empreendimentos gás-químicos.
Além do complexo no Espírito Santo, o executivo revelou que a estatal construirá mais três outras unidades nesta área: duas fábricas de amônia, sendo uma em Sergipe e outra em Uberaba (MG), e a instalação de uréia em Três Lagoas (MS), com produção marginal de amônia.
- Esses investimentos permitirão flexibilizar o consumo de gás, otimizando a rentabilidade dos investimentos já realizados - afirmou.
A Petrobras está buscando tornar o consumo de gás mais flexível em função da necessidade de garantir o insumo em 100% do tempo para as térmicas. Como essas usinas só entram em operação quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas está baixo, a Petrobras precisa encontrar outros mercados para o gás de modo a evitar que a sua infra-estrutura fique ociosa e para que não haja queima de insumo nos campos de produção.
Refino - A revisão para mais dos investimentos na área de refino, foi considerada por Gabrielli como "positiva" para estatal no longo prazo.
- Mesmo que ocorra um aumento dos investimentos que penalizem o retorno no curto prazo, acreditamos que, no longo prazo, a atuação integrada será positiva para a companhia - afirmou o executivo, reforçando que os investimentos em refino são essenciais para que uma empresa petroleira se mantenha no longo prazo.
- Uma empresa com investimentos só em produção entrará em colapso no futuro.
O Plano de Negócios prevê investimentos US$ 73,36 bilhões nas atividades de refino e distribuição, 70% acima dos US$ 43,4 bilhões projetados no plano anterior, para o período entre 2009-2013. No mesmo período, os aportes em Exploração e Produção (E&P) crescerão apenas 14%, de US$ 104,6 bilhões para US$ 118,8 bilhões.
- Não observamos que esse cenário sinalize uma limitação na nossa capacidade de crescer em E&P, mas sim que temos oportunidades na área de refino, com o aumento da demanda do mercado interno - afirmou Gabrielli, lembrando que desde o início da década de 80, a estatal concentrou seus investimentos na expansão da capacidade de produção de petróleo, tanto que a relação produção/refino passou de 13% (em 1980) para 108% (em 2009). Com a entrada em operação de novas refinarias no período, a Petrobras prevê que em 2014 essa relação alcance 132%, e em 2020, 123%. "Vamos continuar aumentando a produção, e isso exige o crescimento da nossa capacidade de refino".
Para o executivo, a demanda interna de derivados também é crescente e a atuação integrada da Petrobras na cadeia do petróleo é uma vantagem ante os seus pares na indústria petrolífera. "No mundo, ou as empresas são grandes exportadoras de óleo cru ou são grandes refinadoras. São poucas as que possuem uma atuação integrada como a Petrobras", comentou.
Fonte: Monitor Mercantil
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