O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, classificou a cessão onerosa , de 'monstrengo' e disse que a estatal vai entrar "para ganhar" no leilão, marcado para 6 de novembro e deve que render cerca de R$ 106 bilhões para a União. O executivo disse ainda que há 20 interessados nas refinarias que estão à venda pela companhia.
Cessão onerosa é o modelo de contrato pelo qual a Petrobras recebeu do governo, em 2010, o direito de explorar uma área do pré-sal onde havia até 5 bilhões de barris de petróleo, segundo estimativas da época.
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Foi uma forma de o governo capitalizar a Petrobras, para que a empresa pudesse investir no pré-sal. Mais tarde, verificou-se que o volume de petróleo era superior às estimativas iniciais. É este excedente que vai a leilão no mês que vem.
— A cessão onerosa é um mostrengo que foi criado como outras coisas estranhas feitas anos atrás no Brasil. Mas a Petrobras está otimista com o resultado do leilão. O capital é escasso. Só são aprovados projetos meritórios do ponto de vista de retorno. Em função disso, manifestamos interesse em dois campos, como Búzios, que é a maior jazida, e Itapu. Vamos com entusiamo. Vamos para ganhar — disse Castello Branco, durante o IX Seminário sobre Matriz e Segurança Energética, na Fundação Getulio Vargas do Rio.
Como parte do acordo para viabilizar o leilão, o governo prometeu repassar à Petrobras parte dos recursos que serão arrecadados. A fatia que caberá à estatal será de cerca de R$ 34 bilhões. Em encontro com investidores, nesta semana, a estatal disse que o valor a ser aplicado no certame poderá ser maior que essa cifra.
Castello Branco voltou a destacar que a estatal passou, nos últimos anos, por um desmonte:
— A Petrobras passou por um desmonte financeiro e moral. Esteve à beira da falência. A Petrobras é uma empresa muito endividada. A divida é três vezes seu fluxo de caixa, e os custos operacionais, mesmo com o custo baixo do pré-sal, são altos. É histórica a destruição de valor — afirmou.
Petrobras faz acordo com Cade
Por isso, ele citou a venda de refinarias dentro da estratégia de gestão de seus ativos. E lembrou que a estatal fez dois acordos com o Cade.
- Em 27 dias, fizemos dois acordos de compromisso com o Cade que vão possibilitar a abertura do refino e do novo mercado de gás. O Brasil tem uma posição que não é usual no mundo. Exportamos e vendemos para 30 refinarias privadas no mundo.
Atualmente, a companhia está em processo de venda de oito unidades de refino. Elas serão vendidas em dois blocos. Segundo o executivo, o primeiro bloco reúne refinarias na Bahia, em Pernambuco, no Paraná e no Rio Grande do Sul, que tiveram mais de 20 interessados:
— Esperamos ter sucesso na iniciativa. Tivemos que atrasar o processo de venda porque recebemos número muito alto de interessados. Prorrogamos em um mês o deadline (prazo) para receber as propostas e ter processo mais competitivo. Esperamos boas noticias para marco de 2020. Estamos otimistas.
Fonte: O Globo