O crescimento de 22,3% da indústria capixaba, o maior entre os Estados em 2010, foi interpretado pelo setor como recuperação. "Saímos de uma base muito baixa", explicou Lucas Izoton, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). "Por causa da crise de 2008, a economia do Estado sofreu mais que o resto do país", completa Marcio Felix Carvalho Bezerra, Secretário de Desenvolvimento do Estado. Dependente do mercado externo, para onde segue cerca de 50% da produção, a economia do Espírito Santo foi a que mais caiu em 2009 - 14,6%, quase o dobro da retração nacional.
Em 2010, contudo, com a recuperação dos preços internacionais das commodities (petróleo, gás e minério de ferro e pelotas), dos produtos siderúrgicos e do papel e celulose - principais itens da pauta de exportação local - as vendas foram retomadas. O presidente da Findes lembra que, apesar dos grandes mercados mundiais ainda estarem refletindo a crise de 2008, as indústrias capixabas conseguiram escapar da recessão vendendo para os chineses. "Estamos sendo salvos pela China", afirmou Izoton.
A "ajuda" chinesa refletiu-se na balança comercial do Estado. As exportações cresceram 83,6% e alcançaram US$ 11,9 bilhões em 2010. As importações, de US$ 7,6 bilhões, subiram 38,5% em relação ao ano anterior. O Estado gerou US$ 4,4 bilhões do superávit comercial de US$ 20,3 bilhões do país. De acordo com os dados do IBGE divulgados ontem, todos os setores de atividade avançaram, mas o carro chefe foi a indústria extrativa (mineração, petróleo e gás) que cresceu 60%. A produção de petróleo e gás, que atingiu 330 mil barris/dia e 12 milhões de metros cúbicos em 2010, quase dobrou em relação a 2009.
Lucas Izoton destaca também o bom desempenho de outros setores de atividade como a indústria de alimentos (15%) e a metalurgia (12,7%), além da fruticultura, rochas ornamentais e mármores. "Nosso setor metal-mecânico está se tornando grande fornecedor de bens e serviços para a indústria de petróleo em outros Estados", completou o secretário Bezerra.
Como consequência do forte avanço da atividade econômica, a receita bruta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Espírito Santo em 2010 atingiu o recorde nominal (sem correção pela inflação) de R$ 7,122 bilhões, informou a Secretaria de Fazenda. O valor supera o resultado de 2008, de R$ 6,916 bilhões, até então o mais alto já registrado.
A expectativa de Izoton e Bezerra é de um crescimento da produção industrial mais modesto em 2011, entre 6% a 7%, ainda assim acima das estimativas para o PIB nacional, entre 5% e 6%. São dois os motivos dessa previsão: primeiro, a base de comparação será maior; e segundo, o Estado deve começar a colher os resultados de investimentos privados estimados em R$ 75 bilhões, programados para os próximos quatro a cinco anos.
Fonte: Valor Econômico/Janes Rocha | Do Rio
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