Com a crise na indústria brasileira, que vem amargando quedas nas vendas nos últimos meses, empresários do setor no Ceará estão indo buscar na China, o "remédio", ou melhor, as máquinas e equipamentos que os permitam ampliar a produtividade, melhorar a tecnologia e aumentar a competitividade frente aos concorrentes. "Na China, as máquinas de primeira linha custam até 30% mais baratas do que as produzidas no Brasil, isso já incluindo os custos de frete e os impostos", explica o presidente do Sindquímica-CE, o industrial José Dias de Vasconcelos.
Em parceria com os demais sindicatos associados à Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Vasconcelos está reunindo um grupo de empresários cearenses para compor uma nova missão à China, para participar da Canton Fair, na cidade de Guangzhou, em outubro próximo. Parte da programação e o roteiro de viagem da missão foi apresentado ontem, na Casa da Indústria, para um grupo de industriais de vários setores.
Oportunidade
Para o industrial, participar da Canton Fair é uma oportunidade ímpar para quem deseja conhecer o que a China produz e descobrir como os asiáticos conseguem fabricar por tão pouco. Segundo ele, o país oriental produz hoje, máquinas e equipamentos de primeira, segunda e terceira linhas, de acordo com a preferência e capacidade de pagamento do cliente.
"Os chineses produzem máquinas e equipamentos de excelente qualidade, dependendo do preço que se quer pagar. Se ele oferece uma máquina por 100 e você diz que só paga 50, ele faz a máquina, mas com material de segunda qualidade. E é esse o cuidado que temos de ter. Acompanhar o processo de produção", orienta Vasconcelos. Ele avalia que os chineses ainda "pecam" nos componentes elétricos e eletrônicos, o que pode ser resolvido pedindo que os substituam por peças de marcas consagradas e garantidas mundialmente como Siemens, Bosh, etc.
"Mesmo com esses componentes, as máquinas custam um terço das brasileiras. Se incluirmos aí, mais 80% de custos com fretes e impostos de importação, ainda assim, o preço é 30% menor do que as fabricadas no Brasil", contabiliza o industrial, ao explicar porque a China vem "ganhando o mundo".
Exportações
Quanto às oportunidades de exportar produtos cearenses à China, Vasconcelos avalia que "os chineses são vendedores, não são compradores". Segundo ele, pode haver interesse por matérias primas, por insumos básicos à indústria de alimentação e de bebidas, como grãos, óleos, castanha de caju e mel de abelha. "Fora isso, é difícil penetrar no mercado chinês", opina.
Dessa forma, ele informa que poucos são os empresários que levarão amostras de produtos para exposição na Canton Fair, em Guangzhou. Maior feira de negócios da China, a Canton Fair é realizada duas vezes ao ano, em área 1,1 milhão de metros quadrados, onde expõe completa variedade de produtos e realiza elevado giro de negócios.
Para a próxima missão à China, já estão confirmados 22 empresários. Outros deverão participar, já que a missão será dividida em três fases: uma para o setor têxtil e de confecções, outro para máquinas, equipamentos e produtos químicos e uma terceira à construção civil.
Fonte:diário do Nordeste (CE)
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