Em visita à China, na qual conversou com siderúrgicas menores e agentes do setor, o J.P. Morgan chegou à conclusão que uma faixa sustentável para o preço do minério de ferro daqui para frente vai de US$ 45 a US$ 60 a tonelada. Segundo o banco, no piso dessa banda os clientes já iniciariam uma corrida para recompor estoques e, no preço mais alto, deixariam de comprar.
Os analistas Dan Kang e Lydon Fagan escrevem em relatório entregue a clientes que a expectativa é de queda na produção de aço chinesa em 2016. De janeiro a maio, segundo a Worldsteel Association, o país produziu 329,9 milhões de toneladas de aço bruto, recuo de 1,4% ante igual período do ano passado (ver mais em Maiores preços sustentam alta na produção da China). Para 2017, a tendência é de estabilidade, acrescenta a dupla, apesar de alguns especialistas apostarem em novo recuo.
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Além disso, dificilmente as autoridades chinesas conseguirão implementar medidas de corte da capacidade, diz o J.P., principalmente por conta do impacto no desemprego. Atualmente, a China é a maior responsável pelo excesso de capacidade global, com mais da metade da sobreoferta em curso. "As reduções podem não ocorrer no médio prazo", afirmam os especialistas.
Os destaques da viagem do banco à China foram uma siderúrgica estatal e duas privadas, mostra o relatório. A usina controlada pelo governo - cujo nome não foi revelado - acredita em equilíbrio para o minério entre US$ 50 e US$ 60 por tonelada. Além dos processos de reestocagem a preços muito baixos, a companhia disse que algo próximo a US$ 45 também faria mineradoras locais reduzirem a produção. Acima de US$ 60, elevar a atividade fica mais atrativo.
Dentre as empresas privadas, uma projeta o piso para o minério em US$ 42 e vê a maioria das usinas ainda registrando lucro aos preços atuais do aço, mesmo que com baixa rentabilidade. Outra, acrescenta o relatório, lembra que hoje as usinas possuem menos estoques do que em outros tempos, o que pode trazer potencial de alta para o aço.
Kang e Fagan afirmam também que, dentre associações e consultores do setor siderúrgico chinês, há o rumor de que o governo possa garantir alívios fiscais para que as mineradoras nacionais, menos rentáveis, sobrevivam para voltar a produzir.
O preço do minério com teor de 62% de ferro fechou ontem em US$ 50,87 por tonelada no porto chinês de Qingdao, queda de 0,4%, segundo a "Metal Bulletin".
Fonte Valor Economico/Renato Rostás | De São Paulo