O investimento em iniciativas que promovem o aumento da produtividade foi decisivo para o crescimento econômico e social da Coreia do Sul nos últimos 40 anos. No mesmo período, o Brasil ficou atrás dos competidores na corrida da produtividade e hoje enfrenta dificuldades para melhorar seu nível de desenvolvimento. As conclusões estão na nota econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI) intitulada “Brasil e Coreia do Sul: duas histórias sobre a produtividade”.
O trabalho, divulgado nesta segunda-feira, compara a evolução da produtividade, a dos salários reais dos trabalhadores e da renda média da população nos dois países.
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De acordo com a CNI, em 1980, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil equivalia a 39% do PIB per capita dos Estados Unidos, enquanto o da Coreia do Sul representava 17,5% do norte-americano. “Quase quatro décadas depois (38 anos), o PIB da Coreia do Sul passou a representar 66% do PIB estadunidense, enquanto que o do Brasil representa 25,8%”, diz o estudo.
Além disso, o salário real médio do trabalhador sul-coreano aumentou 4,3% ao ano entre 2000 e 2018. No Brasil, a taxa média de crescimento dos salários foi de 0,3% ao ano no mesmo período. “O salário real médio do trabalhador industrial sul-coreano mais do que dobrou desde 2000, enquanto que o do brasileiro praticamente não cresceu”, afirma a CNI.
Na avaliação da CNI, o aumento da produtividade foi um dos principais fatores que contribuíram para o desempenho da economia sul-coreana e a melhoria do bem-estar dos seus cidadãos. Prova disso é que, entre 2000 e 2018, a produtividade do trabalho na indústria sul-coreana cresceu, em média, 4,3% ao ano, o mesmo nível de incremento dos salários naquele país.
No Brasil, a produtividade do trabalho na indústria cresceu 0,7% em média ao ano entre 2000 e 2018, menos de dois décimos do crescimento da produtividade na Coreia do Sul.
O estudo destaca que a produtividade da indústria brasileira tem crescido acima da média dos principais parceiros comerciais do país nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, aumentou 2,3%. Em 2017, cresceu 3,2%. No entanto, em 2018, caiu 1,1%.
“O ganho de produtividade contribuirá para a recuperação da competitividade e, consequentemente, para a retomada do crescimento. Mais do que isso, a manutenção do crescimento da produtividade é essencial para o país crescer de forma sustentada, aumentar o salário real e reduzir a distância do padrão de vida das economias desenvolvidas”, afirma a CNI.
Para elevar a produtividade, recomenda a CNI, as empresas precisam investir na inovação e na melhoria das práticas de gestão. Além disso, o governo deve adotar medidas para melhorar o ambiente de negócios, como a redução da burocracia, a melhoria da infraestrutura, o aumento da qualidade da educação e da segurança jurídica.
Fonte: Estadão