Com a recessão provocada pela pandemia de covid-19, o saldo da balança comercial do Brasil ficará em US$ 47,466 bilhões, alta de 1,7% ante os US$ 46,674 registrados em 2019, nas estimativas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), revisadas conforme relatório divulgado nesta quarta-feira, 22. O superávit é US$ 20 bilhões maior do que o inicialmente estimado pela AEB, que projetava um saldo comercial de US$ 26,13 bilhões para 2020, conforme o relatório de dezembro de 2019.
Exportações
A revisão foi puxada pelas projeções para as importações. Agora, a AEB estima que as compras do País no exterior ficarão em US$ 145,255 bilhões este ano, um tombo de 18,1% em relação a 2019. Em dezembro de 2019, antes da pandemia, a projeção apontava para US$ 191,21 bilhões em importações em 2020.
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Após a revisão, as maiores quedas projetadas pela AEB estão na importação de bens de consumo duráveis (US$ 3,639 bilhões em 2020, tombo de 32,5% ante 2019) e de combustíveis e lubrificantes (US$ 12,818 bilhões, tombo de 38,0% em relação ao ano passado). A importação de bens de capital deverá cair 10,0%, para US$ 22,707 bilhões.
Do lado das exportações, também houve revisão para baixo, mas em menor magnitude. Agora, a AEB estima que as vendas no exterior somarão US$ 192,721 bilhões em 2020, queda de 13,9% ante os US$ 223,989 bilhões exportados em 2019. Em dezembro do ano passado, a estimativa apontava para exportações de US$ 217,34 bilhões em 2020.
“A economia e o comércio mundial estão sendo fortemente impactados, direta e indiretamente, pela pandemia do coronavírus, levando a presente revisão das previsões para o comércio exterior em 2020 a mudanças bruscas de cenários, principalmente decorrentes de fatores externos, mas também de internos, que afetam os dados das projeções de exportações e importações”, diz o relatório divulgado nesta quarta-feira pela AEB.
Para a entidade, o superávit comercial apontado nas projeções pode ser classificado como “triplamente negativo”. “Será obtido com queda das exportações de 13,3%, das importações de 18,1%, e de 15,4% na corrente de comércio, com geração de redução da atividade econômica”, diz o relatório.
A AEB chamou a atenção ainda para o aprofundamento da dominação dos produtos básicos na pauta de exportações. A projeção de US$ 56,295 bilhões para as exportações de produtos manufaturados fica no mesmo nível do que a indústria brasileira vendeu ao exterior em 2004. O principal responsável por isso foi a queda na demanda dos vizinhos da América do Sul, com destaque para a Argentina, em meio à crise econômica, diz o relatório da AEB.
Como consequência, soja, minério de ferro e petróleo, principais produtos de exportação do Brasil, pela ordem, aumentarão seu peno na pauta de exportações para 34% do total, nas contas da AEB. Em meio a mais uma safra recorde, a soja será, pelo sexto ano seguido, o principal produto de exportação do País.
Fonte: Estadão