Os negócios internacionais do Ceará registraram recordes no primeiro bimestre deste ano em quatro indicadores: exportações, importações, saldo da balança comercial e corrente de comércio, em relação a igual período nos anos anteriores. Os dados foram divulgados ontem pelo Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará).
De janeiro a fevereiro, o valor das exportações cearenses somou US$ 219,8 milhões, crescimento de 2,79% em relação ao acumulado em igual período de 2011. As importações apontaram alta de 55,53%, resultando US$ 416,5 milhões. Com isso, o saldo da balança comercial foi negativo pela terceira vez consecutiva para o período, em US$ 196,7 milhões, bem acima do registrado em igual período de 2011, com aumento de 264,5%.
A corrente de comércio exterior (soma dos valores exportados e importados) totalizou US$ 636,2 milhões, expansão de 32,11% na comparação com o ano anterior.
Para a economista e analista e políticas públicas do Ipece, Débora Gaspar, o recorde em todas os cenários do comércio internacional do Estado mostra o crescimento do Estado por meio de investimentos para o desenvolvimento. "A tendência é de um resultado semelhante ao de 2011, mas com incremento", disse, ressaltando que ainda é difícil projetar uma meta para as exportações por conta da conjuntura internacional "incerta".
Fevereiro em queda
Os recordes foram alcançados apesar das quedas registradas somente no resultado de fevereiro. No mês, as exportações do Estado negociaram US$ 102,9 milhões, recuo de 11,95% frente ao valor exportado em janeiro e queda de 1,94% em relação a igual mês do ano passado. As importações registraram o valor de US$ 152,8 milhões, também registrando baixa frente a janeiro de 2012 de 42,04%, mas apontando valor superior em 3,25% em relação a fevereiro de 2011.
Segundo Débora Gaspar, as retrações decorrem por fevereiro ser um mês menor. "Com menos dias, os negócios tendem a ser menores", disse.
O saldo de fevereiro foi novamente negativo em US$ 49,9 milhões, mas inferior em 66,01% comparado ao saldo de janeiro deste ano. Na comparação com fevereiro de 2011, o saldo negativo da balança comercial aumentou em 15,91%.
A corrente de comércio exterior cearense somou em US$ 255,7 milhões, valor inferior em 32,80% frente a janeiro.
Produtos
Foram exportados 234 produtos diferentes pelo Ceará em fevereiro. A liderança das exportações manteve-se com o grupo de Calçados e partes, com uma participação de 26,25% e negócios que somam US$ 27 milhões.
Em seguida, os produtos de Couros e Peles (US$ 20,8 milhões e uma fatia de 20,23%), Castanha de Caju (US$ 15,6 milhões e 15,18%), Ceras Vegetais (US$ 10,8 mi e 10,57%) e Frutas (US$ 7,6 mi e 7,44%) compõem a pauta dos cinco principais produtos. A venda de produtos Têxteis saiu do grupo dos cinco principais nesse mês, passando a figurar na sétima posição, com US$ 4,5 milhões e participação de 4,39%.
Países
Cem países participaram das exportações cearenses em fevereiro de 2012, revelando uma maior diversificação da pauta de destino das vendas cearenses em relação a igual mês do ano anterior (90 países).
Os EUA continuam na liderança das vendas cearenses com participação de 28,27%, leve aumento de participação frente a fevereiro/2011 (27,61%). Para esse país foram exportados principalmente: castanha de caju, calçados e partes, ceras vegetais, couros e peles e sucos (sumo) de outras frutas, não fermentados sem adição de açúcar, somando US$ 29, milhões.
Os cinco principais países participantes das exportações cearenses concentraram 50,4% da pauta, participação inferior à registrada em igual mês do ano anterior (55,71%).
Destacam-se as vendas para Hungria e Hong Kong, de US$ 6,5 milhões e US$ 4,6 milhões, terceiro e quarto lugar na pauta, respectivamente.
A movimentação de cargas para exportação deu-se principalmente pelos Portos do Pecém (65,1%) e do Mucuripe, em Fortaleza (20,95%).
Turquia supera a China nas importações
A Turquia foi o segundo país que mais vendeu para o Ceará (US$ 24,8 milhões) em fevereiro, adquirindo principalmente barra de ferro laminado quente e fio-máquina de ferro/aço. Esse resultado superou a China, que caiu para o terceiro principal país de origem das importações do Estado, pela primeira vez, negociando US$ 19,2 milhões.
Os Estados Unidos seguem no primeiro lugar na pauta das compras cearenses, com valor de US$ 25,2 mi. Desse país veio especialmente laminados de ferro e betume de petróleo. Em quarto lugar, está a Argentina (US$ 18,5 milhões), seguida por Itália (US$ 13,7 milhões), Venezuela (US$ 9,9 milhões), Uruguai (US$ 7,5 milhões), Alemanha (US$ 5 milhões), Áustria (US$ 4,8 milhões), Indonésia (US$ 2,2 milhões) e outros (US$ 21,6 milhões).
As importações cearenses foram realizadas principalmente por via marítima (99,8%) em fevereiro. Por via aérea, foram realizadas 3,1% das compras internacionais cearenses. O Porto do Pecém (61,9%) e o Porto de Fortaleza (21,6%) foram os principais pontos de negociações das importações cearenses.
Produtos
Os produtos metalúrgicos lideram as importações cearenses, influenciado, sobretudo pelo grande volume de laminado de ferro. Em fevereiro de 2012, o valor importado desse grupo foi de US$ 48,1 milhões, 31,5% do total de bens comprados no mercado externo pelo Estado. O trigo ocupou o segundo lugar, com US$ 19,2 milhões e participação de 12,6%. As importações do grupo de máquinas, aparelhos e material elétricos atingiram US$ 17,8 milhões em fevereiro.
Em quarto lugar, a importação do setor têxtil (US$ 12,9 mi). As compras de combustíveis minerais foram de US$ 7,7 milhões, sendo butanos liquefeitos (US$ 3,7 mi) e betume de petróleo (US$ 3,2 mi) os itens principais do grupo.
Estado lidera venda de mel lá fora
O Piauí até chega perto, mas nenhum estado nordestino exporta mais mel natural do que o Ceará. De acordo com um estudo divulgado ontem pelo Ipece, somente no ano passado, o Estado faturou cerca de US$ 12,7 milhões com a comercialização do produto para outros países, ficando na terceira colocação do ranking nacional, atrás do Rio Grande do Sul (US$ 12,9 milhões) e São Paulo (US$ 18,3).
Na região Nordeste, Piauí faturou, em 2011, com a exportação de mel natural US$ 11,7 milhões. Rio Grande do Norte e Bahia aparecem em seguida, com US$ 4,5 milhões e US$ 1,2 milhões, respectivamente.
Entre 2002 e 2011, o Ceará conseguiu ampliar sua participação nacional nas exportações de mel natural, passando de aproximadamente 15,0% para 18,0 %.
No mesmo período, o estado que apresentou o mais vigoroso crescimento foi o Rio Grande do Sul, com um aumento de quase oito vezes no valor das exportações, passando de uma participação de menos de 1% para aproximadamente 18,2%, enquanto São Paulo reduziu sua participação de quase 45% para 26%.
Alguns estados do Nordeste também aumentaram sua participação, com ênfase para o Piauí e Rio Grande do Norte, sendo que o Rio Grande do Norte não exportava mel em 2002 e passou a participar com 6,4% em 2011. Já o Piauí ampliou sua participação de 5,5% para 16,6% na mesma comparação.
Principais destinos
O Ceará exportou mel apenas para sete países em 2011, e, assim como acontece com o restante das exportações brasileiras de mel, os Estados Unidos foram o principal mercado comprador do mel cearense, recebendo mais de 77% de todo o mel que foi exportado pelo Estado, com um crescimento de 782,32% nas compras deste produto, entre os anos de 2002 e 2011.
Na composição das exportações de mel natural, o Ceará respondeu por 20,86 % de todo o mel brasileiro que foi enviado aos EUA no ano de 2011. Os países seguintes: Alemanha, Reino Unido e Canadá obedecem à mesma ordem brasileira de sequência de destinos por valor exportado neste ano.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CAROL DE CASTRO
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