O preço médio das commodities relevantes para a inflação brasileira, medido pelo Índice de Commodities Brasil (IC-Br), subiu 7,81% em julho. O aumento foi puxado pelas commodities agropecuárias, que ficaram 10,37% mais caras, revertendo o resultado acumulado do ano, que era de uma queda de 0,31% até maio.
O Banco Central, que apura e divulga o índice, inclui nesse grupo carne de boi, carne de porco, óleo de soja, algodão, trigo, açúcar, milho, arroz e café. O que mais pressionou foram os grãos, diz o economista Antônio Madeira, da equipe da LCA Consultores. Ele lembra que problemas climáticos prejudicaram a safra dos Estados Unidos, o que se refletiu nas cotações internacionais.
Madeira afirma que influência direta dos preços dos grãos no IPCA, índice de preços ao consumidor que baliza as metas oficiais de inflação no Brasil, "é pequena". O risco de repasse de elevação de preços está nos produtos que os utilizam como insumo, em especial a carne de frango. Ainda assim, o economista não vê motivo para o BC desistir de fazer mais um corte da taxa básica de juros agora no fim de agosto, de 8% para 7,5% ao ano, como espera o mercado. Ele acredita que o impacto inflacionário dos aumentos detectados pelo IC-BR será compensado ou pelo menos amenizado pela queda de preço de outros itens do IPCA, como os hortifrutigranjeiros.
Além disso, há expectativa de recuo ou, pelo menos, de acomodação de preços das próprias commodities agropecuárias. Isso tende a ocorrer, avalia o economista da LCA, na medida em que forem colhidas as safras do Brasil e da Argentina, ainda este ano. Para 2013, a previsão é favorável porque não se esperam novos problemas com a safra americana, diz.
A relativa estabilidade do câmbio, que faz parte do cenário, deve ajudar. As desvalorizações cambiais aumentam o IC-BR, que mede os preços em reais. Em julho, considerada a taxa média de cada mês, não houve queda do real. O câmbio, portanto, não contribuiu para a subida do índice. Os preços aumentaram em dólar mesmo.
O IC-BR de julho apontou ainda encarecimento das commodities energéticas. Em média, os preços do petróleo do tipo brent, do gás natural e do carvão subiram 6,06%, basicamente por causa do petróleo. Já o preço das commodities metálicas, que incluem alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel, recuou 1,76% no mês.
O economista da LCA diz que o comportamento desse último grupo vai depender sobretudo da economia da China, que é um grande comprador. A desaceleração econômica naquele país tende a comprimir ou a não deixar subir o preço dessas commodities. Com a economia mundial crescendo muito pouco, Madeira tampouco vê pressão de alta no caso das energéticas.
No acumulado do ano, o IC-Br aumentou 8,71%, principalmente por causa das commodities agropecuárias, que subiram 10,92%. As metálicas e as energéticas subiram, respectivamente, 6,06% e 0,86% nesses mesmos sete meses.
Fonte: Valor Econômico / Mônica Izaguirre
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