O preço do minério de ferro continuará acima de US$ 150 por tonelada por pelo menos cinco anos, segundo a Vale, maior mineradora mundial do produto.
A previsão de preços altos de Guilherme Cavalcanti, diretor de finanças do grupo minerador, é a mais recente no debate sobre as perspectivas do mercado de minério de ferro, que vêm polarizando analistas e investidores.
Usado na produção de aço, o minério de ferro é a maior fonte de lucro para os três grupos líderes na mineração: BHP Billiton, Vale e Rio Tinto. Se a previsão da Vale estiver correta, seria de se esperar que as ações das três empresas apresentem forte valorização.
Perguntado por quanto tempo espera os preços acima de US$ 150 por tonelada, Cavalcanti disse "pelo menos nos próximos cinco anos", argumentando que as mineradoras terão dificuldades para atender a demanda em alta da Ásia. Sua previsão, em entrevista de vídeo para o "Financial Times", vai contra o pensamento geral.
As ações da BHP, Vale e Rio Tinto estão sendo precificadas levando em conta previsão de forte queda nos preços
As ações da BHP, Vale e Rio Tinto estão sendo precificadas levando em conta previsões de forte queda nos preços do minério referencial entregue à China, do valor quase recorde de US$ 174 para US$ 100 ou menos por tonelada, talvez já em 2012, segundo analistas.
Há, no entanto, cada vez mais pessoas acreditando que os preços continuarão em um patamar elevado por vários anos, já que o aumento nos custos e problemas de atrasos e logística vêm impedindo as mineradoras de elevar a oferta de forma suficiente. "Há uma grande desconexão entre os valores das ações e as previsões de preços de referência", afirmou Melinda Moore, analista de commodities do Credit Suisse. "Acho que as pessoas ainda estão acreditando que haverá muita oferta no próximo ano ou no seguinte."
Na semana passada, a Vale reduziu em 10% sua meta de produção de minério de ferro em 2015, enquanto a BHP revisou as estimativas de custo para um grande plano de expansão na Austrália Ocidental.
Outra mineradoras menores também enfrentam atrasos e cancelamentos em projetos, por motivos que vão desde a falta de mão de obra capacitada ao custo de infraestrutura em torno às novas minas.
A Sinosteel, estatal chinesa produtora de metais, anunciou em junho a suspensão dos trabalhos em um projeto de minério de ferro de US$ 2 bilhões na Austrália, por contratempos no desenvolvimento da infraestrutura.
"Há uma pletora de problemas que estão causando um desempenho fraco no lado da oferta", disse Colin Hamilton, analista de commodities, da Macquarie. "Colocar novos projetos de minério de ferro no mercado está mais difícil do que nunca."
A lentidão no desenvolvimento de novos projetos de minério de ferro significa que o mercado será obrigado a depender das pequenas mineradoras chinesas da commodity para atender a demanda, dizem analistas.
As ações do setor de mineração também estão sob pressão pelos receios quanto a uma desaceleração na demanda chinesa por commodities. Cavalcanti, no entanto, disse que a Vale não detectou nenhuma desaceleração nas vendas de minério de ferro ao país: "Continuamos vendendo tudo o que produzimos."
Fonte: Valor Econômico/Jack Farchy | Financial Times, de Londres
PUBLICIDADE