A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima suas estimativas para a produção brasileira de café no ciclo 2010/11, em fase final de colheita. O terceiro levantamento de safra apontou para uma colheita de 47,2 milhões de sacas, 157,2 mil sacas a mais do que a segunda estimativa, feita em maio, quando a Conab projetou 47,04 milhões de sacas.
O ajuste foi feito devido ao clima favorável em algumas regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo, que tiveram os processos de maturação, colheita e secagem beneficiados pela pouca quantidade de chuvas a partir de maio. Os volumes hídricos mais baixos, no entanto, prejudicaram a formação de grãos em regiões onde a umidade do solo estava baixa na fase final de formação dos frutos, caso do Espírito Santo.
Com os ajustes, a produção de café arábica foi revisada para 36,1 milhões de sacas, um aumento de 2,3% em comparação ao levantamento anterior. Já o café robusta, que tem no Espírito Santo seu maior produtor, sofreu com a falta de chuva entre maio e agosto. A produção de robusta é estimada em 11,1 milhões de sacas, volume 5,1% menor que o previsto em maio pela Conab.
O Estado de Minas Gerais, que concentra 52,3% da produção nacional, teve a safra ajustada para 24,7 milhões de sacas, um aumento de 756 mil sacas sobre a previsão de maio. Já a produção paulista teve um ajuste de 200 mil sacas, e foi elevada para 4,56 milhões de sacas. Nesses dois casos, a Conab destaca os benefícios das poucas chuvas durante os trabalhos de colheita.
"A safra ainda não terminou e pode ser que ainda seja feita uma revisão para baixos desses números. Os tratos culturais nos cafezais foram reduzidos nos últimos anos e, com a falta de chuvas em algumas regiões, esses dados podem mudar", afirma Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC).
Apesar de a safra estar próxima do fim, Ximenes não arrisca previsões para o ciclo 2011/12. Ele espera, no entanto, que ainda neste governo, seja encontrada solução para o endividamento do setor.
No que se refere à área plantada com café no Brasil, a Conab estima que 2,3 milhões de hectares foram cultivados no ciclo 2010/11. Essa área representa uma retração de 22,8 mil hectares em relação à safra anterior. "Essa área que deixou de ser cultivada foi ocupada pelas lavouras de cana-de-açúcar, sobretudo nos Estados de São Paulo e Minas Gerais", destaca a Conab.
Fonte: Valor Econômico/Alexandre Inacio | De São Paulo
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