O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse, em teleconferência com jornalistas, que o consumo aparente de aços longos deve crescer de 6% a 8% no próximo ano. Segundo ele, a construção civil continua com a demanda forte e deverá haver mais encomendas para obras de infraestrutura.
“Estamos nos preparando para atender a demanda de curto prazo, temos uma carteira importante de pedidos ate o início de 2021. Acreditamos que esse ritmo deve continuar ao longo do ano.”
Segundo Werneck, o varejo também apresentou crescimento importante nesses trimestre, mas é um segmento em que a demanda vem aumentando há alguns anos.
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“Outro mercado que estimamos que deverá continuar forte é a construção residencial. Além disso, estamos observando a retomada das obras de infraestrutura, embora em um patamar menor do que em anos anteriores, é uma demanda importante. Teremos obras de metrô, estradas, a infraestrutura vai sustentar o mercado”, ressaltou o executivo.
O executivo ressaltou que, em função da recuperação da demanda puxada pela construção, as vendas de aços longos no terceiro trimestre foi melhor do que no período pré-pandemia. Segundo ele, a Gerdau, apesar de ter ajustado a produção no auge da crise em março e abril, retomou rapidamente as operações para atender integralmente a demanda que se aproximava.
“Na segunda quinzena de abril tivemos que parar algumas operações, mas o nosso alto-forno de Ouro Branco (MG) foi religado em junho. Com isso a retomada das nossas operações industriais permitiram que atendêssemos integralmente diferente mercados em meio ao período de recuperação da demanda por aço.”
Estoques
Werneck afirmou que os estoques na cadeia produtiva estão abaixo do normal. Segundo ele, o giro atual é de 10 a 15 dias, sendo que o normal é de 25 a 30 dias.
“Haverá nos próximos meses o movimento de recomposição dos estoques na cadeia. Essa situação deve se normalizar até o primeiro trimestre do próximo ano”, disse Werneck.
Com isso, a demanda por aço deve permanecer alta nos próximos meses, tanto na construção quanto no varejo. Segundo o executivo, o segmento vem crescendo muito este ano e saiu de uma participação nas vendas da Gerdau de 20% no ano passado para 30% neste trimestre. “Trabalho contínuo e tem sido positivo, é claro que a demanda está maior por causa do auxílio emergencial do governo. Mas, não acredito que perca o ritmo, o varejo vai continuar forte mesmo com o fim do benefício em 2021”, afirmou Werneck.
O desempenho da construção civil no país fez com que as vendas no mercado interno tenham aumentado a participação no total comercializado pela Gerdau no trimestre. Segundo o diretor de relações com investidores da companhia, Harley Scardoelli, de julho a agosto de 2020, as vendas internas representaram 86% do total da unidade de negócios Brasil. No mesmo período do ano passado, a participação era de 73%.
O desempenho da Operação de Negócios (ON) Brasil, com o aumento das vendas para o mercado interno, principalmente para a construção civil, foi um dos motivos para o crescimento do lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) no terceiro trimestre. “Um aumento das vendas totais com a retomada vigorosa da construção civil e a recuperação da indústria no mercado interno proporcionou essa alta no Ebitda”, disse o Scardoelli.
Fonte: Valor