A demanda mundial de aço vai desacelerar em 2012. Essa é a previsão dos principais fabricantes do setor, divulgada ontem, no último dia do congresso anual da World Steel Association (WSA), que reuniu os principais líderes da indústria em Paris, na França. A WSA representa 175 produtores do mundo, os quais respondem por 85% do total do aço fabricado.
De acordo com a nova previsão da WSA, feita pelo Comitê de Estudos Econômicos da entidade, o consumo aparente de aço no próximo ano vai crescer 5,4%, abaixo dos 6,5% previstos para 2011 e bem inferior à recuperação de 15% obtida no ano passado após os efeitos da crise de 2008/2009.
O novo "Short Range Outlook" da WSA revisou as previsões feitas no fim de março - publicadas em abril -, que eram mais otimistas. O início do ano ainda trazia efeitos da forte recuperação da demanda em 2010. Os números de abril apontavam alta de 6%.
Os ventos mudaram. O cenário hoje é de pessimismo para os próximos anos, destacam fontes do setor. O comitê da WSA traçou projeções considerando potenciais reflexos da crise que afeta as economias desenvolvidas, com destaque para europeia, que enfrenta em vários países problemas financeiros, em especial na zona do euro. Foram considerados ainda os efeitos do terremoto seguido de tsunami no Japão em março e inquietações sociais e políticas nos países do Oriente Médio e Norte da África, além de medidas de aperto monetário em economias emergentes.
"Atualmente, a economia global depara-se com crescentes incertezas sobre como os tumultos nos mercados financeiros vão envolver e afetar a economia real", afirmou Daniel Novegil, executivo do grupo Techint que preside o comitê econômico da WSA. "Nossa atual previsão para 2012 presume que as economias desenvolvidas continuaram direcionado o crescimento global. Por isso, nossa previsão poderia ser considerada como "otimismo cauteloso", disse.
O crescimento de 5,4% será sustentado pelas economias em desenvolvimento e emergentes, com 6,9% de expansão neste ano e 6,6% em 2012. Ao mesmo tempo, os países desenvolvidos vão se retrair dos 5,4% neste ano para 2,6% em 2012.
O pior desempenho, aponta a WSA, virá da União Europeia: vai recuar 7% para 2,5% de aumento no consumo de aço. A América do Norte também mostrará decréscimo, para 4,9%, ante crescimento projetado para este ano de 9%.
Para a China, responsável por quase metade da demanda de aço no mundo, a previsão é de elevação de 7,5% neste ano, mas desacelera um pouco, para 6%, em 2012, alcançado 680 milhões de toneladas. Os Brics, que engloba Brasil, Índia, Rússia e África do Sul, além da China, crescerá em níveis de 7,2% e 6,4% nos dois anos.
Globalmente, a nova projeção do comitê da WSA indica consumo de 1,4 bilhão de toneladas ao fim deste ano e de aproximadamente 1,47 bilhão em 2012.
(Fonte: Valor Econômico/Por Vera Saavedra Durão | Do Rio)
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