A CSN está no mercado como compradora e todas as oportunidade de manter a taxa de retorno para o acionista serão aproveitados, disseram ao Valor pessoas ligadas à empresa.
É o caso da compra de ações da Usiminas e Riversdale e da próxima aquisição de ativos de aços longos e cimento na Espanha.
Esses interlocutores rebatem as críticas de que a empresa estaria fazendo apenas investimento financeiro ao acessar o mercado de ações.
O aumento da fatia na Riversdale foi considerado excelente pela empresa brasileira, por se tratar do carvão, a única matéria prima que a CSN não possui.
Para Marcelo Aguiar, analista sênior do Goldman Sachs, não está fácil comprar ativos de carvão no mundo: "A CSN não compra uma mina própria de carvão porque não tem expertise e é difícil achar um bom ativo".
Para Aguiar, a estratégia da siderúrgica é gastar o caixa, que deve crescer mais ainda em 2011, quando o preço do minério vai continuar alto. O cenário é mais favorável, de manutenção dos preços do aço em elevação lá fora e queda dos estoques aqui dentro com recuperação da demanda interna, e há espaço para um aumento de preço no mercado doméstico de até 20%. Hoje, a CSN dá desconto de 8% para os compradores dos seus produtos.
Aguiar crê que a CSN está se preparando para aproveitar todas as oportunidades. Ele vê a aquisição de papéis da Usiminas como um desejo de Steinbruch de sentar à mesa para negociar com os acionistas controladores da rival. No fundo, o objetivo maior é juntar as duas empresas no futuro. Mas Aguiar não vê sentido na compra de ações da Usiminas na bolsa, embora considere que possa ser um movimento estratégico. Para ele, não é uma alocação ótima a CSN ter uma exposição significativa a ações e ainda mais do setor em que opera. Mas não crê que a CSN esteja aplicando volume representativo de seu caixa em ações - mais de 15%, por exemplo.
Parece, no entanto, que este não é o ponto de vista da CSN. Na avaliação de especialistas do setor siderúrgico, a empresa está convencida de que comprar ações da Usiminas é um bom negócio, pois o potencial de valorização dos papéis é promissor.
Outros analistas consultados, mas que não quiseram ser citados, disseram que o mercado não gosta de ver o caixa das empresas ser usado para fazer investimento financeiro. Prefere que a companhia pague dividendos para que o investidor decida onde colocar o seu dinheiro.
O que está motivando a empresa a vislumbrar aquisições é a necessidade de ter escala para concorrer com competidores internacionais que vêm entrando no Brasil, como russos e ítalo-argentinos, caso da futura usina da Ternium no Porto Açu e do complexo siderúrgico que o bilionário russo Igor Zyuzin vai construir junto com a Cosipar no Pará. "As brasileiras têm que se preparar e nada melhor que ter escala para isso", avalia Aguiar.
Fonte: Valor EconômicoVera Saavedra Durão | Do Rio
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