São Paulo - A crise no Japão pode abrir uma nova frente dentro do processo de reestruturação do controle acionário da Usiminas. O grupo japonês liderado pela Nippon Steel dentro da companhia mineira, além de ter seu negócio afetado pela turbulência, deve participar ativamente da reconstrução do país. Somado ao fato de a Caixa de Empregados da Usiminas (CEU) ter decidido vender a sua fatia na Usiminas, gigantes como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Gerdau e Vale ficariam mais próximas de adquirir uma parcela da siderúrgica. A CEU tem 10,1% das ações da Usiminas, avaliadas em R$ 1,3 bilhão.
A CSN, que já possui 8,6% de ações ON do grupo mineiro e tem metas de conseguir até 10% em prazo indeterminado, se capitalizou na semana passada ao abrir mão de parte da Riversdale para a mineradora Rio Tinto. A compra da australiana foi fechada em cerca de US$ 4 bilhões. Com essa nova configuração, a Rio Tinto passou a deter mais de 50% da Riversdale. Já a CSN ainda mantém 19,9% da australiana. De acordo com uma fonte do mercado que pediu anonimato, a companhia deve preservar o montante, "pois precisa ter um pé na produção de carvão mineral - um insumo importante na fabricação do aço".
Segundo a fonte, mesmo com as negociações abertas, nenhuma decisão por parte das gigantes sairá em curto prazo. Ainda de acordo com a fonte, no caso da CSN, concorrente direta da Usiminas na produção de aço plano - empregado em geladeiras e carros -, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barraria um possível monopólio desmembrando-a em partes, uma vez que juntas concentrariam 60% do mercado.
"Os sócios atuais [Camargo Corrêa, Votorantim e Nippon Steel] não permitiriam mais avanços da CSN", afirmou a fonte. Em fevereiro, os controladores do grupo siderúrgico renovaram o acordo de acionistas pelos próximos 20 anos. O pacto determina que caso haja interesse de um dos sócios majoritários em negociar suas ações, elas devem ser ofertadas primeiramente aos integrantes do bloco.
Outra possível candidata nessa disputa é a Gerdau, que não tem ações da Usiminas. A companhia levantou recursos nesta semana no mercado brasileiro com uma oferta de R$ 4,98 bilhões.
No entanto, é importante ressaltar que os negócios da Gerdau são quase que totalmente voltados para a produção de aços longos e a Usiminas atua com aços planos. Nesse sentido, de acordo com a fonte, qualquer negociação entre as duas companhias representaria para o mercado uma sinergia bastante significativa. O analista ouvido pelo DCI afirma, contudo, que o interesse da Gerdau em ingressar no capital da Usiminas pode não estar diretamente vinculado à oferta de ações ordinárias e preferenciais anunciadas esta semana. A fonte lembra que em 2008 a companhia já havia feito uma capitalização deste tipo para pagar dívidas e "arrumar a casa". "É uma forma de se reestruturar para, no futuro, ter condições de pedir empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e quem sabe injetar em novos investimentos", afirmou o especialista.
Outra companhia que completaria esse cenário é a Vale, que vendeu os papéis que detinha na Usiminas para a Nippon Steel em 2009. Com a nova administração do grupo, que será comandada por Murillo Ferreira, existiria a chance de a mineradora voltar a ter uma fatia na Usiminas.
Procurada, a Usiminas informou que não daria declarações a respeito das possíveis movimentações de acionistas do grupo. Já a CSN, a Gerdau, a Vale e o Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço) preferiram não comentar o assunto.
Fonte: DCI/Caio LuizSuzi Cavalari
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