SÃO PAULO - A CSN pretende elevar novamente os preços do aço para o mercado doméstico neste ano, após a siderúrgica ter registrado recorde de vendas no primeiro trimestre, mesmo tendo anunciado dois reajustes para as distribuidoras, disse um executivo da companhia ontem, quinta-feira.
Os incentivos governamentais estão impulsionando o investimento e o consumo de aço no país, disse o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em teleconferência com analistas, acrescentando que segmentos como linha branca, construção civil, embalagens e automotivo estão mostrando boas perspectivas para o restante do ano.
A CSN espera que seus preços-médios de aço subam de 5 a 8 por cento entre abril e junho em relação ao primeiro trimestre, disse Martinez, que não descartou outros reajustes no segundo semestre.
"Dependendo das condições de mercado, que na minha opinião são muito favoráveis, é possível a gente pensar em novos aumentos de preços no segundo semestre", disse Martinez, acrescentando que os preços no mercado interno estão 10 por cento maiores que os praticados no exterior, diferença conhecida no setor como "prêmio".
A Usiminas, que concorre com a CSN, também vê viés de alta para os preços do aço no Brasil no segundo semestre.
A CSN fechou o primeiro trimestre com queda de 82 por cento no lucro líquido, apesar do recorde de vendas de aço de 1,55 milhão de toneladas. O resultado refletiu o tombo de quase 40 por cento nas vendas de minério de ferro, após quebra de um importante equipamento na mina Casa de Pedra em janeiro.
Apesar da falha no equipamento transportador de minério para uma usina de beneficiamento, o diretor de Mineração da companhia, Daniel dos Santos, afirmou que a CSN mantém a meta de exportar entre 29 milhões e 30 milhões de toneladas do insumo em 2013.
Ele afirmou que a empresa implementou soluções "alternativas, mas definitivas" para repor a capacidade do equipamento quebrado e que em maio a produção ficará próxima à normalidade, com queda de 10 por cento ante a de um ano antes.
De forma geral, a reação de analistas com o resultado trimestral da CSN foi de decepção. "As vendas, produção e qualidade de minério vieram muito ruins e o resultado geral (do primeiro trimestre) veio bem horrível", disse Ricardo Correa, diretor da Ativa Corretora.
"Não vemos nenhum potencial de melhora para CSN no curto e médio prazos e enquanto eles não voltarem a focar em mineração e deixarem de priorizar investimentos secundários, como logística, o mercado não vai olhar com bons olhos para o papel", adicionou.
As ações da CSN fecharam em queda de 0,15 por cento nesta quinta-feira, enquanto o Ibovespa teve desvalorização de 0,3 por cento.
INVESTIMENTO ELEVADO
Após muitas críticas no mercado sobre o baixo nível de investimentos da empresa em mineração, o diretor de Relações com Investidores da CSN, David Salama, afirmou na teleconferência que a empresa recentemente revisou o orçamento, elevando a previsão de gastos na área para 1,2 bilhão de reais este ano.
Em abril, o executivo havia dito que os investimentos em mineração para 2013 seriam de 660 milhões de reais, incluindo o porto exportador em Itaguaí (RJ). Na ocasião, Salama dissera que o investimento em siderurgia seria de 400 milhões de reais este ano, mas o número foi revisto agora para 1 bilhão de reais.
Ao todo, a CSN estima investir 3,6 bilhões de reais em 2013, incluindo 1 bilhão de reais na construção da ferrovia Transnordestina, após 3,1 bilhões reais desembolsados em 2012.
Apesar da alta no investimento, Salama afirmou que a CSN mantém a meta de entregar um nível de endividamento abaixo de três vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) em 2013. A relação terminou o primeiro trimestre em 3,75 vezes.
Segundo Salama, a CSN vai manter seu nível de endividamento bruto no restante do ano e melhorar sua geração de caixa nos próximos meses. "Teremos uma performance bem mais razoável e muito mais próxima do histórico da própria CSN."
THYSSENKRUPP
Salama disse ainda que "não há muita novidade" sobre uma eventual oferta de aquisição de ativos de produção de aço da alemã ThyssenKrupp nas Américas, compostos pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e por uma usina laminadora nos Estados Unidos.
"A empresa olha as oportunidades disponíveis, mas de maneira bastante conservadora (...) Nosso objetivo final é sempre ver se vamos gerar valor ao acionista. Não há muita novidade", disse Salama em referência a comentários feitos em abril, quando dissera que a CSN ainda não tinha feito oferta vinculante para compra dos ativos da Thyssen.
No mês passado, uma fonte afirmou à Reuters que a CSN havia apresentado uma nova proposta pelos ativos do grupo alemão nas Américas, em meio às negociações da empresa com BNDES e a Vale, sócia na CSA.
Fonte: Reuters/Alberto Alerigi
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