CSP ganha tom de definitiva
Quatro anos depois, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) é palco, mais uma vez, do lançamento das obras da sua tão sonhada usina siderúrgica. A fadada Ceara Steel de 2005 deu lugar agora à Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), maior e com perspectivas claras, apresentadas pelos seus investidores, de ser concretizada. O início das obras de terraplanagem - com direito à operação de tratores feita pelo governador Cid Gomes, o presidente da Vale, Roger Agnelli, e o presidente da DongKuk, Young-chul Kim - marcou o primeiro passo para a instalação do empreendimento. Em cerimônia que contou com a presença de todo o staff do governo estadual e dos altos executivos das empresas sócias, o governador, em discurso emocionado, deu o tom de que agora, sim, o projeto vai em frente. "Daqui a 25 anos, o Ceará terá a sua história contada em antes e depois da construção da siderúrgica", declarou.
"A siderúrgica tem um efeito multiplicador, abrindo espaço para a indústria automobilística e para a de autopeças; a metal-mecânica e a de máquinas. Ela facilita a instalação de outros investimentos", ressaltou, acrescentando o pioneirismo de empresas que já atuam na área metal-mecânica no Estado, como a Esmaltec, maior produtora de fogões do País, a Durametal e a Aço Cearense.
Em sua análise histórica, o governador afirmou que o principal fato que deu início à disparidade da estrutura econômica entre Sudeste e Nordeste foi a iniciativa do presidente Getúlio Vargas, na década de 40, de construir a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no Rio de Janeiro, motivando a chegada de novos negócios na região. Esta segregação do investimento, de acordo com ele, aos poucos vem sendo mudada. No Ceará, o marco histórico, afirma, foi ontem: "Se nós somos o mesmo País, por que no Sul tem oportunidade e aqui não tem? Da Bahia ao Amazonas, não tem nenhum siderúrgica instalada, esta será a primeira", afirmou, lembrado que a CSP é hoje o maior projeto de siderurgia em curso no Brasil.
"Agora chegamos, e é definitivo, o projeto vai andar. Em 2013, a usina vai estar operando", garantiu o presidente da Vale - sócia da joint-venture -, Roger Agnelli. A primeira fase da usina, na qual terá capacidade de produzir três milhões de toneladas de placas de aço anuais, está orçada em US$ 4 bilhões (cerca de R$ 7 bilhões). Mas Agnelli ainda disparou: "Nós vamos buscar com o Corbellini (Aristides Corbellini, diretor de siderurgia da Vale) reduzir esse valor, tá muito caro". A Vale, de acordo com o apresentado em seu plano de investimento para 2010, deverá desembolsar R$ 124 milhões na CSP, da qual possui 49% de participação acionária. Lendo, ainda que com muita dificuldade, um discurso preparado em português, o presidente mundial da Dongkuk Mill Co. - empresa sul-coreana sócia da joint-venture -, Young-chul Kim, garantiu: "Nós fabricaremos o melhor aço do mundo, utilizando o minério brasileiro que é o melhor do mundo".
A Dongkuk, que atua há 50 anos na atividade de siderurgia, importará toda a produção da CSP em sua primeira fase de funcionamento.(Fonte: Diário do Nordeste/CE/SÉRGIO DE SOUSA/SAMIRA DE CASTRO)