A mudança decidida pela presidente Dilma Rousseff no comando da Petrobras visa aumentar a influência do governo federal sobre a companhia. A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, substituirá José Sergio Gabrielli na presidência da estatal.
Foster vai ser indicada oficialmente para o cargo no próximo dia 9 pelo presidente do Conselho de Administração da empresa, o ministro Guido Mantega (Fazenda).
A alteração na chefia da Petrobras, que deve incluir algumas diretorias, indica critério mais técnico na ocupação dos cargos da estatal.
Com a promoção de Foster, à presidência, Dilma pretende aumentar a produção de petróleo da companhia. No passado, o governo reclamou de que a Petrobras não vinha investindo nessa direção.
Funcionária de carreira da estatal desde 1978, a executiva não somente é amiga da presidente da República como enxerga o setor de forma muito parecida com a chefe. A afinidade entre elas deve se traduzir na definição de investimentos, da política energética e sobre quais projetos terão selo prioritário.
Foster será a primeira mulher a presidir a maior empresa da América Latina, com investimentos programados de US$ 224,7 bilhões até 2015 -incluindo a área do pré-sal.
A proximidade entre Foster e a presidente da República é tão conhecida nos bastidores que um auxiliar do primeiro escalão disse ontem, em tom bem-humorado, que a Petrobras agora tem sua própria Dilma. As amigas têm estilo semelhante. Além da fama de "durona", são obcecadas por gestão e metas.
A troca foi bem recebida pelo mercado, que vê na entrada dela chance maior de aproximação da estatal com o Planalto, o que poderá agilizar a administração.
As ações da companhia fecharam em alta de 3,60% (ordinárias) e 3,96% (preferenciais), evitando a queda da Bolsa, que encerrou o pregão em tímida valorização de 0,12%. Segundo analistas, a valorização do papel se deveu mais à alta do petróleo em decorrência do embargo internacional contra o Irã.
DEFINIÇÃO NAS FÉRIAS
As relações de Gabrielli com Dilma nunca foram das melhores, desde a época em que a presidente era ministra de Minas e Energia. Discussões acaloradas e gritos mútuos marcaram reuniões presenciadas por terceiros.
Segundo a Folha apurou, a saída de Gabrielli foi negociada entre Dilma e o governador Jaques Wagner durante as férias da presidente na Bahia, no início do mês.
Gabrielli terá a mais longa gestão da companhia. Serão seis anos e nove meses em fevereiro, ultrapassando Joel Rennó, que ficou no cargo por seis anos e cinco meses.
A saída de Gabrielli deverá levar a outras substituições na empresa. Guilherme Estrella, diretor da área de Exploração e Produção, possivelmente será substituído pela principal gerente da área, Solange Guedes, até que a escolhida por Dilma, Magda Chambriard, possa assumir o cargo, em novembro, quando deixa a diretoria da Agência Nacional do Petróleo.
A troca de Estrella por Chambriard seria fruto da insatisfação de Dilma com a atitude da empresa, que alega não haver opção para aumentar a produção mais rapidamente sem acessar o mercado internacional de equipamentos. Isso se choca com a política de conteúdo nacional defendida por Dilma.
Jaques Wagner convidou Gabrielli para ser secretário de Estado na Bahia. Com isso, Wagner fortalece o correligionário como possível nome do PT para a sucessão do governo baiano em 2014.
Gabrielli, que é economista, é cotado para assumir a Fazenda ou o Planejamento a partir de março, quando o governador deverá concluir uma reforma administrativa por conta do ano eleitoral.
Fonte: Folha de São Paulo/NATUZA NERY/DE BRASÍLIA/DENISE LUNA/PEDRO SOARES/DO RIO/Colaborou GRACILIANO ROCHA, de Salvador
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