Interlocutores garantem que a presidente Dilma está no fio da navalha: se continuar a gastar, ganha as eleições, mas deixará um país em frangalhos. Talvez influenciada pela Secretaria do Tesouro – quem passa por lá se torna obsessivo no corte de despesas – Dilma poderá optar por corrigir falhas, cortar vazamentos e dizer não a políticos do próprio Partido dos Trabalhadores (PT). Se nada for feito, caminha-se para um caos. A confiança dos industriais está em baixa. As MPs dos Portos e de Energia viraram leis, que vão acabar nos tribunais; a crise na Argentina deverá gerar déficit comercial. A perda nas relações com o exterior foi, no ano passado, de US$ 81,3 bilhões, um valor fantástico. No boletim Focus, apurado pelo Banco Central, os agentes privados apostam em inflação mais alta e crescimento mais modesto. A inflação, por sua vez, está contida pelo arrocho nas tarifas de energia elétrica e combustíveis. O dólar sobe em todo o mundo e o efeito disso é mais inflação em cada país. Para complicar ainda mais, por aqui, os juros estão em alta e a bolsa em queda.
Preocupada mais com sua própria imagem do que com a eleição, Dilma poderia desagradar a aliados, cortando repasses extras ao BNDES e enxugando verbas. Se realmente desejar colocar um bom governo à frente de ambições eleitorais, a presidente deveria começar reduzindo de 40 para 25 ou 30 o número de ministérios. Há gente demais sem fazer coisa alguma em Brasília, sendo que a maioria deles é de políticos inexpressivos que só contribuem para elevar gastos e prejudicar o próprio governo. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, em recente análise, concluiu: “Desde o sucesso do Plano Real, nenhuma administração conseguiu êxito, pois o consumo do governo explodiu e os impostos continuam a onerar os brasileiros”.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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