Brasília. A presidente Dilma Rousseff avisou ontem, durante reunião com um grupo de 28 grandes empresários do País, que deve anunciar, nas próximas semanas, medidas para aumentar a competitividade da indústria brasileira. De acordo com o relato de empresários, Dilma disse que não vai proteger, mas defender o setor produtivo nacional. Após ouvir as demandas e reivindicações do setor, Dilma encomendou ao ministro Guido Mantega (Fazenda) um plano de ações.
Segundo os empresários, a expectativa é que as medidas estejam prontas até o final da próxima semana, quando a presidente retorna de viagem de Nova Déli, na Índia, onde participará de reunião dos Brics (bloco que reúne os países emergentes -Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Entre as medidas, está a desoneração da folha de pagamento para setores da indústria. Um ponto da agenda empresarial é a reclamação de que o real valorizado leva a uma invasão de importados no País.
Compensações
"Ela determinou ao ministro que elabore medidas com foco de compensar o roubo de competitividade e pretende anunciar as medidas quando voltar da India", disse o presidente da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. "Ela não vai proteger, mas vai defender", disse Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza.
No encontro, que durou mais de três horas, Luiza apresentou um estudo mostrando um aumento de 25% na venda dos produtos eletrodomésticos da linha branca nos últimos quatro meses após a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A empresária disse que não pediu a prorrogação, mas que o governo ficou muito satisfeito com o resultado da medida.
Luiza disse ainda que a presidente reiterou o compromisso com a redução da taxa de juros. "Essa é a vontade dela para os próximos anos". Conforme os empresários, Dilma não fez nenhuma referência à crise política que passa com a própria base aliada no Congresso.
Empresários otimistas
Os empresários da indústria veem 2012 com mais otimismo do que o ano anterior, apontou a Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso não impediu, porém, uma redução da previsão do ritmo de crescimento da capacidade instalada do setor entre 2012 e 2014, ante o triênio anterior.
Entre os fatores que podem influenciar os investimentos, a confiança no nível da demanda interna para 2012 aumentou na sondagem atual em relação ao visto em 2011. O item foi apontado como influência positiva por 75% das empresas, cinco pontos porcentuais acima do observado no ano anterior. Enquanto 12% viram o nível da demanda interna como fator negativo para 2011, o percentual referente a 2012 recuou para 7%. O otimismo também cresceu em relação ao nível da demanda externa, visto como influência positiva por 32% e negativa por 9%, ante 27% e 12% em 2011. O Ambiente Macroeconômico puxou para cima a realização de investimentos no ano passado na avaliação de 53% das empresas.
Projeções para 2013
Nas projeções para o próximo ano, os porcentuais são de 53%, novamente, e 17%, de acordo com a sondagem referente a janeiro e fevereiro. A taxa de câmbio este ano também é percebida como mais favorável do que em 2011. Para 28% (ante 23% no ano passado), o item é uma influência positiva, enquanto 22% (ante 31% em 2011) dizem que é negativa. O item Situação Econômica Externa foi o único em que a proporção dos que a avaliam como uma influência negativa sobre o investimento superou à dos que a apontam como positiva - 33% contra 22%.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
PUBLICIDADE