O último pregão do mês de outubro foi marcado por uma forte demanda por dólares no mercado de câmbio. A alta do dólar ganhou fôlego depois da divulgação de dados positivos da atividade econômica dos Estados Unidos, o que alimentou expectativas de que o banco central americano possa começar a reduzir seus estímulos monetários antes do esperado.
Os investidores aproveitaram o fato para puxar a cotação do dólar para cima no mercado interno, e a moeda encerrou as operações de ontem com alta de 1,92%, a R$ 2,234, acumulando no mês apreciação de 0,81%.
A cotação de ontem é a maior desde 27 de setembro, enquanto a variação de quase 2% só perde para a do dia 21 de agosto, quando o dólar registrou a máxima no ano, de R$ 2,45.
O real liderou as perdas frente ao dólar entre as principais moedas, com o mercado local sob influência da disputa pela formação da Ptax (taxa de câmbio média calculada pelo BC), que servirá para liquidar os contratos de derivativos cambiais que vencem hoje.
Os investidores tentaram reduzir as perdas com os contratos de swap cambial (que equivale à venda futura de dólares) ofertados pelo Banco Central, uma vez que a autoridade monetária optou por fazer a rolagem parcial dos US$ 8,87 bilhões em papéis com vencimento previsto para hoje - tendo rolado US$ 6 bilhões do total, devendo liquidar os US$ 2,87 bilhões restantes.
Nessas operações, os investidores ganham a variação cambial mais uma taxa (cupom cambial), enquanto o BC recebe a variação do Depósito Interfinanceiro (DI) no período. Desde o lançamento do programa de intervenção diária no mercado de câmbio, em 22 de agosto, o dólar se depreciou 8,14%.
Para o analista de câmbio da XP Investimentos , Caio Sasaki, o fato de o BC ter realizado uma rolagem parcial dos contratos de swap foi visto pelo mercado como uma sinalização de que ele estaria confortável com o atual patamar do dólar.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os estrangeiros e os investidores institucionais nacionais eram os maiores interessados em pressionar o dólar para cima, uma vez que carregavam uma posição líquida comprada em dólar (aposta na alta da moeda) de US$ 17,9 bilhões e US$ 7,3 bilhões, respectivamente. No entanto, parte relevante dessas posições dos estrangeiros representa posições de "hedge" para outras aplicações desses investidores.
Ontem o Banco Central seguiu o cronograma e vendeu os 10 mil contratos de swap cambial previsto no programa de intervenção diária, cuja operação somou US$ 495,8 milhões. Desde maio, o BC já colocou no mercado US$ 62,975 bilhões em contratos de swap.
No mercado à vista, a saída de dólares ontem ajudou a impulsionar a cotação da moeda americana. Segundo operadores, a distribuição de dividendos pela Vale, que estava prevista para ontem, contribuiu para o aumento do envio de remessas. A Vale aprovou a distribuição de US$ 2,5 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio.
No exterior, o euro sofreu a maior depreciação em seis meses em relação à moeda americana. Após recuar mais de 1%, o euro chegou ao fim das operações cotado a US$ 1,3584.
Fonte: Valor Econômico/Por José de Castro e Silvia Rosa | De São Paulo
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