Mais uma montadora da China, a Dongfeng, decidiu intalar-se no Brasil e São Paulo é, até agora, o Estado com mais chances de receber a futura fábrica da empresa. Uma delegação de 14 integrantes, que inclui representantes do governo da província de Hubei e fornecedores, além dos executivos da própria Dongfeng, vieram a São Paulo para escolher um parceiro entre as seis empresas com as quais negociaram nos últimos dias. O acordo de cooperação será assinado hoje.
O parceiro escolhido representará a marca no Brasil na etapa que prevê a venda de veículos da marca importados da China. A segunda fase da estratégia de exploração do mercado brasileiro prevê a construção de uma fábrica no Brasil. A ideia inicial é incluir o representante da marca no Brasil também nesse projeto. A produção de 1,9 milhão de unidades em 2009 coloca a Dongfeng entre os três maiores fabricantes de veículos da China.
O vice-diretor-geral da Dongfeng, Zhou Qiang, fará hoje uma apresentação oficial dos planos da empresa a representantes da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo vão assistir a uma apresentação da Fenabrave, a associação que representa as concessionárias de veículos no país, sobre o mercado brasileiro. O governo paulista aproveitará para detalhar o programa de incentivos do Estado.
A delegação foi organizada pelo vice-governador da província de Hubei, Tian Chengzhong, de 57 anos, que trouxe com ele integrantes da equipe de comércio e de relações internacionais da província chinesa.
Entre os executivos da cadeia de fornecedores vieram representantes da Wuhan Iron and Steel Corporation (WISCO), o grupo siderúrgico chinês que comprou parte da empresa de minério de ferro MMX e fez acordo de intenção com a LLX para ter uma siderúrgica no Porto Açu, que está sendo construído pelo empresário Eike Batista. Também vieram diretores da Daye Non-ferrous Metals Co., Ltd. (DNMC), produtora de cobre, e da FiberHome Technologies, uma empresa de produtos de comunicação sem fio e redes de dados, principalmente na área de fibra óptica.
Para entrar no mercado brasileiro, a direção da Dongfeng procurou o grupo Hong Ji, uma agência brasileira especializada em consultoria em comércio exterior e viagens e turismo. A Hong Ji tem escritórios em Pequim e Hong Kong.
Além de veículos, a Dongfeng uma companhia estatal, produz peças e equipamentos. No portfólio dos veículos, tem modelos de todos os tamanhos e para todos os gostos. Fabrica carros de passeio, vans, caminhões e ônibus. O grupo chinês já tem uma série de parcerias com outras montadoras. Atua com a coreana Kia Motors, com as japonesas Honda e Nissan e com o grupo francês PSA Peugeot Citroën.
Com cerca de 120 mil empregados, a gigante chinesa é dona de um faturamento anual próximo de US$ 25 bilhões. As últimas notícias divulgadas pela empresa, na China, mostram o interesse em ampliar a área de atuação fora do país de origem. A montadora também tem um departamento que estuda o desenvolvimento de veículos elétricos. No último salão do automóvel de Pequim, em abril, a marca apresentou um protótipo do elétrico chamado de I-Car, que chamou a atenção pelo painel futurista com comandos inseridos em uma tela sensível ao toque.
O Estado de São Paulo saiu na frente na disputa pelas fábricas de veículos de marcas chinesas. Em meados de setembro, a Chery anunciou o plano de investir US$ 400 milhões numa fábrica em Jacareí, a cerca de 80 quilômetros da capital paulista. Na primeira fase do projeto, a Chery investirá US$ 134 milhões. A inauguração do empreendimento está previsto para o fim de 2013. Na primeira fase serão produzidos 50 mil veículos ao ano, com a criação de cerca de mil empregos diretos. Na segunda fase do investimento, segundo foi anunciado pela montadora ao governo paulista, poderão ser criados três mil empregos, com capacidade de produção de 150 mil veículos por ano. Próxima à Via Dutra, a unidade da Chery terá um milhão de metros quadrados de área construída. Os modelos Chery estão sendo produzidos no Uruguai, numa parceria com o grupo Macri.
O crescimento do mercado brasileiro tem atraído a atenção dos fabricantes de veículos de todo o mundo. Mas foi neste ano que os planos das marcas asiáticas começaram a se destacar. Além das chinesas, o Estado de São Paulo já atraiu a coreana Hyundai, que está no início de construção de uma fábrica em Piracicaba. Nos primeiros nove meses do ano, a soma dos veículos trazidos da China e Coreia representaram 26,5% do volume de veículos importados pelo Brasil.
Fonte: valor Econômico/Marli Olmos | De São Paulo
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