SÃO PAULO - A desvalorização do real frente ao dólar já ajuda a impulsionar movimentos de nacionalização em alg uns setores, mas não deixou o produto brasileiro muito mais competitivo, disse ontem, quarta-feira, o diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Mário Bernardini. “Está tendo um impacto, mas ainda é modesto”.
Isso se explica, diz o diretor, porque a cesta de moedas de parceiros comerciais do Brasil também acompanhou o movimento de queda frente ao dólar. Assim, os fabricantes nacionais ganham em preço comparado ao concorrente norte-americano, mas não necessariamente em relação ao europeu, por exemplo.
Segundo a Abimaq, para garantir a competitividade no exterior, o câmbio teria de ser de R$ 3,50, considerando que as outras moedas concorrentes fiquem estabilizadas frente ao dólar.
Ainda que o impacto tenha seja “modesto”, Bernardini diz que já é possível perceber iniciativas de substituir importação por produção local em alguns segmentos. A valorização do real também deve render um ganho contábil no faturamento, mesmo que as vendas no mercado externo se mantenham, que é o que a entidade representante dos fabricantes espera.
O ganho cambial, no entanto, não deve ser suficiente para frear uma queda do faturamento que, segundo o diretor, deve ser puxado por retração tanto na demanda local quanto de importações, em um cenário de Produto Interno Bruto (PIB) decrescente e queda nos investimentos. Apesar de os dois primeiros meses do ano terem apresentado desempenho melhor no faturamento na comparação anual, a Abimaq diz que não é possível identificar uma tendência. A associação atribui o desempenho a uma “base de comparação extremamente fraca” que foram janeiro e fevereiro do ano passado, mas diz estimar queda no faturamento para o ano fechado.
A Abimaq divulgou no início da tarde os resultados da indústria de bens de capital mecânicos de fevereiro.
Fonte: Valor Econômico/Victória Mantoan
PUBLICIDADE