Seguindo a mesma estratégia já adotada anteriormente e que levou o conglomerado EBX a ter cinco subsidiárias negociadas em bolsas de valores, Eike Batista vai criar mais uma empresa a partir de ativos já existentes e vai abrir seu capital. As minas de carvão da MPX na Colômbia vão dar origem à Colombian Coal, ou CCX. O valor da empresa é estimado entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões e o IPO deve abarcar 25% disso, ou seja, devem ser lançadas ações simultaneamente nas Bolsas de São Paulo, Londres e Bogotá no valor de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão até o fim do ano ou, na "pior das hipóteses", no primeiro trimestre de 2012.
No entanto, antes de testar a receptividade do mercado, Eike vai buscar um parceiro estratégico. Ele afirmou já ter acordado com uma grande empresa a venda de 10%, mas preferiu não divulgar o nome do potencial sócio. O objetivo com a parceria é dar ao mercado uma espécie de certificação de que se trata de um bom projeto, que chegou a ser classificado pelo executivo como a "Carajás do carvão" (em referência às grandes reservas de minério na mina da Vale, no Pará). "Estou vendendo 10%, já que ninguém gosta do meu carimbo. Um dia, vocês vão chegar para mim e dizer: 'Eike, dá o seu carimbo nesse ativo aqui para virar referência de valor'", reclamou.
A MPX possui direitos minerários sobre 38 mil hectares em região produtora de carvão térmico na Colômbia. Os estudos já realizados indicam recursos potenciais de 1,74 bilhão de toneladas de carvão. Além disso, a MPX já comprou a área necessária para a construção de seu próprio porto, já que a mina fica a 150 quilômetros do mar, facilitando a logística de transporte. Foram investidos no local US$ 100 milhões em concessões, e outros US$ 100 milhões na realização de estudos de viabilidade. Na primeira fase de exploração, serão retiradas 35 milhões de toneladas por ano, em 2015, volume que deve ser dobrado posteriormente.
O empresário convocou duas conferências por telefone para ontem, uma com analistas e outra com jornalistas, para pôr fim, segundo ele, aos boatos de que estaria com problemas de saúde. Falou também sobre a saúde de suas empresas, com a saída de executivos considerados importantes, como Rodolfo Landim, que deixou a empresa com uma briga na Justiça por conta de remuneração, e mais recentemente com a baixa de Paulo Gouveia, braço direito de Eike na EBX. "Cada vez que executivos saíram, a empresa renasceu mais forte. Agradeço a todos os que passaram por aqui, fico feliz porque ganharam dinheiro, mas é bom porque dá espaço a mais gente. O Brasil está cheio de gente mega-qualificada", explicou.
Outro desmentido a boatos que circulariam entre operadores foi o de que a EBX abriria capital a investidores estrangeiros. Para dar credibilidade à fala, Eike aproveitou para anunciar que vai listar as ações da petroleira OGX na Bolsa de Londres. A ideia é atrair fundos que acabam não investindo no país "por questões burocráticas". As outras subsidiárias do grupo devem seguir o mesmo exemplo futuramente, para elevar a liquidez dos papéis.
A OGX informou ontem a conclusão da perfuração do poço horizontal OGX-26HP, na Bacia de Campos, no Rio. Foi confirmado um potencial produtivo de 40 mil barris de óleo por dia. "Todos os resultados desse poço foram muito melhores do que poderíamos sonhar", disse Eike.
O empresário quis manter segredo sobre o parceiro da montadora que será instalada no Porto do Açu, no Norte do Rio de Janeiro, apesar de o mercado apostar que será a japonesa Nissan. De qualquer forma, ele afirmou que vai, ainda neste semestre, apresentar o projeto à presidente Dilma Rousseff.
Fonte: Valor Econômico/Juliana Ennes | Do Rio
PUBLICIDADE