A exportação de soja no Brasil aumentou 10,4 por cento em julho, na comparação com o mesmo mês de 2011, em meio a uma grande procura pela oleaginosa no mercado internacional e uma escalada de preços causada pela seca que atinge lavouras nos Estados Unidos.
Os embarques de soja somaram 4,13 milhões de toneladas no mês passado, ante 3,74 milhões de toneladas no período de 2011, informou nesta quarta-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Em junho, os embarques de soja tinham somado 4,84 milhões de toneladas.
No acumulado do ano até julho, os embarques do Brasil totalizam 27,5 milhões de toneladas, volume que se aproxima da estimativa de exportações da indústria, de 30 milhões de toneladas, para todo o ano.
As exportações aceleradas este ano seguiram o ritmo das vendas. Levantamentos de diversas consultorias apontam que praticamente toda a soja colhida na safra 2011/12 já foi comercializada.
Na avaliação da analista Daniele Siqueira, da AgRural, cujo levantamento de julho está sendo concluído, a venda deve estar próxima de 100 por cento.
"Foi a comercialização mais rápida da história", disse ela.
Esta avidez do mercado pelo produto se reflete nos embarques para o exterior, segundo ela.
"Com certeza, grande parte disso é China. Eles precisam comprar soja. Estão antevendo uma quebra nos EUA para a próxima safra", completou.
Nos Estados Unidos, o mercado acompanha com atenção as previsões meteorológicas, com a pior seca em mais de 50 anos comprometendo a produtividade das lavouras e provocando disparada dos preços na bolsa de Chicago (CBOT).
No Brasil, o indicador Cepea/Esalq ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 80 reais por saca de 60kg em julho, na esteira das altas na CBOT.
MILHO
As exportações de milho do Brasil dispararam em julho, também por consequência da quebra de safra nos EUA e num momento em que grandes Estados produtores, como Mato-Grosso, colhem uma safra de inverno recorde.
O aumento foi de 528 por cento na comparação com o mesmo mês em 2011.
Em julho de 2012 foram embarcadas 1,7 milhões de toneladas de milho, contra 271 mil toneladas em julho de 2011.
Daniele Siqueira lembra que tradicionalmente os embarques de milho aceleram no segundo semestre. No entanto, neste ano há uma relação direta com o clima nos EUA, onde a perspectiva de quebra da safra de milho, segundo a analista, está mais consolidada que a quebra da soja.
"Isso abre espaço para o Brasil exportar, o que é ótimo porque temos uma grande safrinha sendo colhida", afirmou.
"Possível que nos próximos meses fique acima disso (1,7 milhões de toneladas embarcadas)", disse a analista, preferindo não projetar um número consolidado para as exportações brasileiras do cereal nesta safra.
Com grande parte da soja disponível já embarcada, os portos ficarão mais livres para exportar o milho.
O governo brasileiro projeta exportações de 15 milhões de toneladas de milho. Mesmo assim, em meio à colheita recorde nesta safra de inverno, os estoques finais cresceriam para 13 milhões de toneladas.
CAFÉ
As exportações de café em julho ficaram em 1,822 milhão de sacas de 60 kg, ligeiramente acima das 1,81 milhão de sacas do mesmo mês de 2011, segundo Secex.
Por outro lado, os embarques cresceram ante junho de 2012, quando foram exportadas 1,685 milhão de sacas.
A colheita do grão ganhou ritmo no mês passado, mesmo estando ainda atrasada na comparação com o mesmo momento de 2011, devido a chuvas que interromperam os trabalhos de campo por diversas vezes em importantes regiões produtoras do Brasil.
Fonte: Reuters / Gustavo Bonato
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