O caso dos 600 chineses que foram trabalhar nas obras da coqueria do complexo siderúrgico controlado pelo grupo alemão ThyssenKrupp, em Santa Cruz, no Rio, é um dos que chamaram mais a atenção quanto à participação de mão de obra estrangeira no país. Atualmente existem apenas 150 técnicos chineses da Citic, uma gigante multinacional da China construtora de coquerias, no local.
O contrato original entre o grupo alemão e a Citic, para edificação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), foi assinado em novembro de 2006 e continha cláusula de sigilo por envolver tecnologia própria. O documento envolvia compra de equipamentos, no valor de US$ 425 milhões à época, além de ter a originalidade de prever importação de mão de obra para trabalhar na instalação das três baterias de coque da usina.
O plano inicial era trazer para o Brasil 2 mil chineses para morar e trabalhar em Santa Cruz. Depois de intensas negociações com autoridades brasileiras, esse número foi reduzido para 600, a maioria engenheiros, que começaram a chegar ao Brasil no início de 2007.
A vinda desses trabalhadores que só falavam mandarim foi alvo de protestos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) carioca. A siderúrgica teve que apresentar ao Conselho Nacional de Imigração uma comprovação de que não conseguiu mão de obra especializada no país para executar o serviço. Segundo Agostinho Guerreiro, presidente do Crea, a preocupação da entidade foi preservar a mão de obra local.
O cronograma da CSA previa a conclusão da unidade de coque em novembro de 2008, mas as obras atrasaram. Em meados do ano passado, circularam rumores da existência de problemas de qualidade na construção da coqueria. Estariam surgindo rachaduras nas paredes de tijolos refratários vindos da China. Os chineses argumentaram que os atrasos decorreram da insuficiência de pessoal próprio para fazer o serviço.
Para solucionar essas dificuldades, a CSA contratou, no fim do ano passado, outra empresa, a UTC, para dar suporte aos chineses, cujo número foi reduzido para 200 técnicos. Agora, eles são apenas 150.
Fonte:Valor Econômico/ Vera Saavedra Durão, do Rio
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