O Conselho Empresarial dos Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - apresentou aos líderes de seus países, em Ufá, uma lista de 40 projetos prioritários, que poderão eventualmente contar com financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do grupo.
O país com mais projetos é o Brasil, com 14, por iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), seguido da África do Sul com 12 e da Índia com oito. A ênfase é nas áreas como transporte, logística e energia. Para o Brasil, investimento em energia e infraestrutura é fundamental para retomar maior taxa de crescimento.
Daí a pressa para que o novo banco dos Brics comece a emprestar, provavelmente no primeiro semestre de 2016, e contrabalaçar um pouco a escassez de recursos para projetos de longo prazo. O BNDES vai ajudar o novo banco com funcionários e experiência técnica.
Entre os projetos listados para o Brasil estão a Ferrovia Transoceânica, que já tem recursos prometidos pela China; um terminal no porto de Paranaguá; a ferrovia Paranaguá-Antofagasta (que atravessará Brasil, Argentina e Paraguai até o ponto final no Chile); a conexão entre a brasileira Foz de Iguaçu, a Cidade del Este e Assunção, no Paraguai e Clorinda, na Argentina; e o corredor Santarém-Tapajós.
Muita ênfase foi dada à cooperação entre os cinco grandes emergentes, que juntos tem 30% das terras globais, 43% da população do mundo, fazem 21% da produção mundial, 17,3% do comércio global de mercadorias e 45% da produção agrícola do planeta.
As cinco maiores economias emergentes passam por alguma volatilidade. E dois deles, o Brasil e a Rússia, sofrem contração da atividade neste ano. Os líderes dos Brics apostam nos dois instrumentos financeiros que colocaram para funcionar em Ufá, na semana passada, para ajudar a atenuar a perda de ritmo de seu crescimento econômico.
Para ilustrar a disposição de realmente avançar realmente na cooperação econômico-financeira, negociadores dos cinco países destacavam que foi necessário apenas um ano para os Parlamentos nacionais ratificarem os acordos do Novo Banco de Desenvolvimento (US$ 50 bilhões de capital inicial e US$ 100 bilhões de capital autorizado) e do fundo de reservas (Arranjo Contingente de Reservas), de US$ 100 bilhões, com compromissos totalizando US$ 200 bilhões.
Se o interesse é que o banco opere logo, o fundo de reservas, para servir de defesa no caso de problemas de liquidez em dólar, é visto como um seguro que é bom ter, mas melhor ainda é não usá-lo. Como diz uma autoridade dos Brics, se depender só dos cinco emergentes, eles não terão esse tipo de problema num horizonte relevante.
Fonte:Valor Econômico/Assis Moreira | De Ufá (Rússia)
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