O objetivo dos fornecedores capixabas é conseguir um índice superior a 53% de fornecimento local no caso das obras do Projeto Quarta Pelotização da Samarco. A direção da mineradora lançou ontem a pedra fundamental para iniciar as obras da mais nova usina para produção de pelotas de minério de ferro em Ubu, município de Anchieta, que contou com a presença do governador Renato Casagrande e da vice-prefeita de Anchieta, Paula Louzada, além do presidente da empresa, José Tadeu de Moraes.
Segundo o consultor do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), Durval Vieira de Freitas, 53% é o percentual de participação dos fornecedores capixabas nas obras da oitava usina da Vale, que estão em andamento. "Acreditamos que será possível chegar a um índice maior porque as empresas do Estado estão se aperfeiçoando e se qualificando cada vez mais", disse o consultor, que voltou há 15 dias de uma viagem à China onde foi conhecer de perto os concorrentes das empresas capixabas.
O consultor ressalta que a obra da quarta usina de pelotização da Samarco será a continuidade das obras usina da Vale, o que significa que as empresas poderão disputar a concorrência em Ubu. "Já tivemos uma primeira reunião com a direção da Samarco para conversar sobre as próximas etapas, depois da terraplanagem", explicou Durval Vieira.
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Pelotas. O Projeto Quarta Pelotização prevê a construção não só de uma nova usina de pelotização, mas também de um terceiro mineroduto com cerca de 400 km de extensão e um terceiro concentrador, em Germano, Minas Gerais, onde estão as minas de ferro. O mineroduto passará por 25 municípios mineiros e capixabas.
Custos. O investimento previsto é de R$ 5,4 bilhões e a quarta usina aumentará a capacidade de produção de pelotas de minério de ferro da empresa dos atuais 22,25 milhões de toneladas por ano para 30,5 milhões de toneladas por ano a partir de 2014, quando a quarta unidade entrar em operação. O terminal Portuário de Ubu passará a embarcar 33 milhões de toneladas por ano.
Em função dos equipamentos de tecnologia mais complexa necessários para se montar uma usina de pelotização, por enquanto, somente 40% do conteúdo de uma obra desse tipo é nacional. "Esse índice poderá crescer no futuro", acredita Durval Vieira. No caso da Vale, 53% do total nacional está sendo fornecido por empresas nacionais.
O consultor do PDF ressaltou que as empresas brasileiras e, particularmente, as capixabas não têm condições de competir com as chinesas somente no que se refere a equipamentos industriais pesados. "Nesse sentido, as empresas chinesas são imbatíveis em relação aos produtos, preços e ao custo da mão de obra", destaca.
Durval Vieira disse que as empresas capixabas têm condições de fornecer serviços e bens no setor de terraplanagem, construção civil, fabricação de estrutura, montagem industrial, montagem eletromecânica, transporte, apoio geral e alimentação.
"No caso da Samarco, desde 1995, quando foi construída a segunda usina, já participamos de alguma forma. Fornecemos 32% de serviços e bens nas obras da terceira usina e, agora, nas obras da quarta, esperamos ampliar mais ainda", comemora Durval Vieira.
"A proposta de congelar os royalties dos Estados produtores de petróleo, com base no que eles receberam no ano passado, como chegou a ser cogitado na semana passada no Congresso Nacional, não passa de mais uma proposta ridícula", disse ontem o governador Renato Casagrande, ao comentar a ideia apresentada por alguns parlamentares dos Estados que não produzem petróleo.
Os que esses parlamentares querem, segundo Casagrande, é alterar a regra de distribuição dos royalties das áreas do pós-sal "e isso não estava e não está em discussão". No entanto há uma insistência em se propor esse tipo de coisa até de forma irresponsável, afirmou ele.
Para enfrentar a questão, ele sugere que o governo federal coordene o debate do projeto dos royalties do pré-sal e acompanhe de perto o processo de avaliação do veto da emenda Ibsen.
"Com a ausência do governo na coordenação do debate, corremos o risco de o Congresso Nacional aprovar um projeto 'Frankstein', de tão cheio de incorreções e inconstitucionalidades", afirmou ele. Já chega o que o Congresso aprovou no ano passado, segundo ele, que citou a emenda Ibsen-Simon como um erro.
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(Fonte: A Gazeta (ES)/Denise Zandonadi)