Beneficiadas pela produção do pré-sal, Maricá e Niterói, municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro, viram suas arrecadações com royalties e participações especiais mais que quadruplicarem em apenas dois anos (entre 2016 e 2018) e romperem, no ano passado, pela primeira vez, a casa do bilhão de reais. As cidades decidiram, então, criar fundos para poupar parte das arrecadações e já acumulam um patrimônio de R$ 100 milhões cada uma.
Royalties do petróleo criam ilhas de riqueza em 17 cidades
PUBLICIDADE
Para as próximas décadas, são esperadas poupanças bilionárias, já que os tempos são de bonança. Só Maricá estima que entrarão, nos cofres do tesouro municipal, nada menos do que R$ 14 bilhões em oito anos, em royalties e participações especiais.
Maricá e Niterói aproveitam as riquezas para aumentar os investimentos públicos, mas ainda vivem a realidade da dependência das receitas petrolíferas para bancar seus custeios. Em Niterói, metade das receitas petrolíferas previstas na Lei Orçamentária Anual de 2019 será destinada para custeio e um terço para investimentos. Cerca de R$ 132 milhões de royalties, por exemplo, devem ser destinados ao fundo de previdência, e R$ 53 milhões, para a companhia de limpeza da cidade.
"Mas é importante lembrar que as atividades típicas de um município estão atreladas a custeio, como limpeza, conservação, saúde básica, educação fundamental - até mesmo a segurança pública virou questão municipal. Temos um escopo de atuação no município que impacta as pessoas. Temos que equilibrar o que é necessidade urgente e o que temos condições de poupar", diz a secretária da Fazenda de Niterói, Giovanna Victer.
Giovanna destaca que a gestão está preocupada em encontrar uma equação de equilíbrio entre os gastos com serviços e investimentos em infraestrutura, como em mobilidade urbana e drenagem e pavimentação. Ela afirmou ainda que o município tem planos de zerar seus precatórios até 2020 e busca formas de diversificar sua economia (uma das pretensões é transformar a cidade numa referência no setor audiovisual).
O Fundo de Equalização de Receita de Niterói recebe, por lei, 10% de cada repasse das participações especiais. A poupança acumula R$ 102 milhões, mas a previsão é ter R$ 2,5 bilhões em depósito até 2040. Já Maricá deposita, mensalmente, entre 1% e 5% da arrecadação de royalties e espera conseguir poupar R$ 1,8 bilhão em dez anos. O fundo municipal acumula R$ 106 milhões.
Segundo o secretário de Planejamento de Maricá, Leonardo Alves, a intenção é que o fundo ajude a manter, no futuro, os investimentos e os programas sociais - a prefeitura administra, por exemplo, um programa de transferência direta de renda e quer universalizar um sistema de transporte público gratuito. A ideia também é utilizar o fundo como garantidor de parcerias públicas privadas. "Investidores que queiram entrar em Maricá terão a oportunidade de ter no município um parceiro", disse.
Ele também destaca que a gestão municipal tem se empenhado em diversificar suas fontes de arrecadação, por meio de iniciativas de inteligência fiscal para regularização do comércio local. O município também quer aproveitar o momento favorável para a instalação de novos empreendimentos. Nos últimos anos, Maricá investiu cerca de R$ 10 milhões, por exemplo, na revitalização de um aeroporto, que servirá como base para o transporte de empregados das plataformas da Petrobras.
Maricá também tem planos de universalizar o saneamento básico, em até 15 anos. A prefeitura criou uma estatal para investir na rede de esgoto, que hoje só atende a 4% da população, e firmou um convênio com a Cedae para investir na distribuição de água - hoje 35% da população é atendida.
Fonte: Valor