O incentivo à sustentabilidade na gestão das empresas rendeu a inscrição de 82 projetos na 28ª edição do Prêmio Eco, iniciativa da Câmara Americana de Comércio (Amcham) em parceria com o Valor. Os 12 vencedores nas categorias modelos de negócios, projetos, processos e produtos receberam os prêmios na sexta-feira, na sede da Amcham em São Paulo.
Comércio justo, motores verdes, digitalização de documentos para substituir o uso do papel e liberar espaço, reutilização de embalagens e negócios inspirados na disciplina de uma banda de jazz estavam entre os trabalhos apresentados pelas 67 empresas participantes. A premiação teve como convidado de honra o economista americano Jeremy Rifkin, que já previu o fim dos empregos e agora prevê que a era do petróleo está acabando.
"Em poucos anos o Brasil despontará como uma das lideranças na área energética", disse Rifkin a uma plateia de cerca de 400 pessoas. Para ele, a principal saída para a recuperação da economia mundial são os novos modelos de energia limpa. A crise financeira de 2008, o malogro da conferência de Copenhague, o desastre das mudanças climáticas e a falta de entendimento entre as lideranças mundiais levam Rifkin a avaliar que o mundo está à beira de uma renovação. "Estamos no limiar de uma terceira revolução industrial."
Rifkin associa a energia à comunicação para amarrar as duas primeiras revoluções industriais. Citou o século 19 como o tempo em que a impressão em massa facilitou o ensino nas escolas e produziu trabalhadores habilitados a lidar com o carvão e o vapor, as energias que dominavam a época. Lembrou que o telefone inaugurou o século 20 e se associou com a energia do petróleo, que popularizou o automóvel e marcou a segunda revolução industrial. "A terceira revolução é a da energia renovável e virá do sol, dos ventos, do lixo."
Essas fontes de energia estarão ao alcance de todos, segundo Rifkin, e poderão ser coletadas por cada pessoa particularmente. "Milhões de prédios no mundo funcionarão como pequenas usinas de energia limpa; a forma de distribuição será rápida como a internet." Nesse aspecto, o Brasil, diz, é um país de sorte. "Por sua posição geográfica, deverá exercer um grande papel de liderança na produção de energias limpas."
A terceira revolução industrial da qual Rifkin fala é um esforço que o próprio economista leva a efeito na União Europeia, onde atua como conselheiro de um programa de migração para a economia verde. Um dos alicerces do plano é substituir o modelo baseado em combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia. A palestra de Rifkin foi acompanhada atentamente pela senadora Marina Silva (PV), que aceitou o convite para entregar o prêmio aos vencedores na categoria modelo de negócios baseados na sustentabilidade.
O evento teve a sustentabilidade presente em detalhes. O cenário, feito apenas de imagens, não precisou ser desmontado, nem produziu resíduos no final; o pão servido no almoço veio da Vivenda da Criança, organização social que incentiva o empreendedorismo na área da panificação. E o tambaqui, prato principal, veio de um programa de aquicultura sustentável.
O vice-presidente do Conselho de Administração da Amcham, Eduardo Wanick, classificou a sustentabilidade como uma filosofia que deve conciliar a necessidade de crescer sem colocar em risco o meio ambiente. "É principalmente uma filosofia que traz oportunidades de negócios sustentáveis."
Essa máxima ficou evidente nos produtos, processos e modelos de negócios adotados pelas 12 empresas vencedoras: Andrade Gutierrez, DPaschoal, Full Jazz, Vale, Philips do Brasil, MPX Energia, Santander, Image One, Votorantim Participações, BorgWarner, DuPont do Brasil, Flex do Brasil. O julgamento foi auditado pela BDO Auditores Independentes
O CEO da Amcham, Gabriel Ricco destacou os participantes como disseminadores de práticas sustentáveis. "Que esses trabalhos sirvam como referência e motivem outras empresas a se lançarem nas práticas da sustentabilidade."
Fonte: Valor Econômico/Silvia Torikachvili | Para o Valor, de São Paulo
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