Aos 93 anos, a engenharia química Aïda Espinola é a memória viva do início da exploração do petróleo no Brasil. Antes mesmo da criação da Petrobras, ela foi uma das precursoras dos estudos das rochas de reservatórios de petróleo, usado nas pesquisas que levaram ao pré-sal.
À época, geólogos e mineralogistas brasileiros e estrangeiros faziam fila no laboratório da engenheira para ter acesso aos seus conhecimentos, numa época em que as mulheres recém haviam conquistado o direito de votar e, pela regra geral, ainda obedeciam sem grandes questionamentos os comandos masculinos.
Nem com Aïda foi diferente. Aos 19 anos, ao expor a vontade de fazer medicina, recebeu do pai a ordem de seguir a carreira de química, para ajudar nos negócios farmacêuticos da família. "Todo mundo mandava em mim, e eu ia assim, obedecendo", diz, com um certo ar zombeteiro.
O pai só não contava com a ascensão meteórica da filha, que se graduou em engenharia química e fez mestrado em 1958 na Universidade de Minnesota (EUA). Quatro pós-doutorados depois, um deles também em Minnesota, ela foi convidada para ser professora-assistente nos EUA, na década de 1970.
Ao voltar para o Brasil em 1975, trouxe para a Coppe/UFRJ, onde lecionou por anos, estudos para desenvolver a geração de eletricidade de pilhas a combustível, criando um protótipo que lamenta não ter conseguido aplicar em uso comercial, por falta de apoio da universidade na época.
A tecnologia, que transforma energia química em elétrica, é hoje considerada o que há de mais moderno para gerar eletricidade limpa. Além de largamente usada em missões espaciais, já é aplicada no Japão, por exemplo, para alimentar aparelhos celulares.
Fonte: Valor econômico/DENISE LUNA
DO RIO
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