Após atingir o “fundo do poço” em abril, a indústria siderúrgica brasileira está em trajetória de recuperação, afirmou nesta segunda-feira (27) o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Segundo ele, os indicadores do setor em junho apresentaram um cenário melhor em relação ao mês anterior.
De acordo com dados do instituto, a produção de aço bruto no primeiro semestre do ano alcançou 14,2 milhões de toneladas, com queda de 17,9% em relação à primeira metade do ano passado. Na mesma comparação, as vendas internas recuaram 10,5%, para 8,3 milhões de toneladas, e o consumo aparente também caiu 10,5%, totalizando 9,3 milhões de toneladas.
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Em junho, já houve expressiva melhora em relação a maio, com crescimento de 29,6% das vendas internas (1,55 milhão de toneladas), e de 29,4% do consumo aparente (1,741 milhão de toneladas). A produção de aço bruto, no entanto, recuou 5%, na mesma comparação, para 2,078 milhões de toneladas.
Pior já passou
Segundo Lopes, o aumento das vendas em junho ocorreu sobre a base deprimida de maio. “O pior já passou. Estamos em uma trajetória de retomada, o que é bom para o setor, bom para o país e bom para a indústria de transformação. Mas não é o suficiente”, disse ele, destacando que a taxa de ociosidade das siderúrgicas brasileiras está em 51,5%. “Nosso grande dilema, agora, é aumentar o grau de utilização da capacidade”, completou.
Outro indicativo de retomada no setor foi que dos 13 altos fornos que foram paralisados durante o pior momento da crise, três já voltaram a operar. Segundo Lopes, as unidades que retornaram pertencem à Sinobrás, Gerdau e ArcelorMittal Tubarão.
Projeção
A retomada da trajetória positiva, porém, não será suficiente para evitar a consolidação de números negativos no fim do ano. A previsão do Instituto Aço Brasil é de uma queda de 13,4% da produção de aço bruto neste ano, em relação a 2019, para 28,2 milhões de toneladas. Na mesma comparação, a instituição estima uma queda de 12,1% das vendas internas, para 16,5 milhões de toneladas, e de 14,4% do consumo aparente, totalizando 17,9 milhões de toneladas.
Reforma tributária
O instituto enxerga um clima favorável entre Executivo e Legislativo para a discussão e aprovação da reforma tributária, afirmou Lopes. “A proposta do governo é convergente com os chassis das propostas que estão no Congresso”, disse o executivo, em entrevista coletiva realizada pela internet.
Segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, a Câmara dos Deputados está “completamente comprometida” com a questão da reforma tributária. “O Rodrigo Maia [presidente da Câmara] respira reforma tributária”, disse.
Já o Senado, na visão do executivo, ainda vai ter de passar por um processo de “aculturamento” e de maior conhecimento das propostas.
O executivo destacou ainda que a reforma tributária é a mais importante dentro da agenda de reformas do governo Bolsonaro. “A prioridade absoluta está vinculada à retomada do crescimento do país. E essa retomada só pode acontecer se for feito o dever de casa”, completou Lopes.
Fonte: Valor