O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a empresa pretende investir US$ 105 bilhões e levantar entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões com o programa de desinvestimentos nos próximos cinco anos. Os números dão um sinal de que a companhia espera intensificar as vendas de ativos e o quanto a petroleira pode elevar o seu atual patamar de investimentos, diante da entrada em caixa dos valores que receberá da cessão onerosa.
Logo após apresentar as cifras, durante audiência na comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, a estatal esclareceu que o atual plano de negócios 2019-2023, no valor de US$ 84,1 bilhões, está mantido. A empresa, contudo, destacou que o montante pode crescer mais US$ 21 bilhões, se considerados os valores que devem entrar no caixa da petroleira com o acordo da cessão onerosa e que poderão ser redirecionados para novos investimentos.
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Em fevereiro, o executivo já havia antecipado que pretendia utilizar os recursos do acordo da cessão onerosa para adquirir novos ativos no leilão do excedentes, de 28 de outubro. Ao todo, a Petrobras receberá US$ 9 bilhões da União, pela revisão do contrato da cessão onerosa (que em 2010 deu à companhia o direito de produzir 5 bilhões de barris no pré-sal, como parte da operação que resultou no aumento da fatia da União na empresa), mais uma compensação financeira pelos investimentos feitos nas áreas que serão ofertadas na licitação dos excedentes (volumes que excedem os 5 bilhões previstos no contrato original).
Essa compensação será paga pelas petroleiras que vencerem a rodada e assinarem acordo de coparticipação com a Petrobras nos campos da cessão onerosa. O Santander estima que a estatal pode vir a receber até US$ 16,4 bilhões. O real valor a ser pago à Petrobras e a data para o pagamento, contudo, seguem em aberto, já que o valor final será negociado diretamente com as futuras sócias.
Castello Branco assumiu a petroleira, em janeiro, um mês depois do lançamento do atual plano de negócios e, ao tomar posse, disse que poderia fazer "ajustes marginais" no planejamento. Os números apresentados ontem, por exemplo, mantêm o foco dos investimentos em óleo e gás, que devem receber US$ 90 bilhões dos US$ 105 bilhões previstos.
Mais recentemente, em maio, ele afirmou que está ajustando o plano de forma gradual. Ontem, o executivo sinalizou que um dos ajustes deve vir do programa de venda de ativos, ao dar novas projeções para os desinvestimentos, acima da meta de US$ 26,9 bilhões definida no plano 2019-2023. A revisão vem em linha com o discurso adotado pelo executivo desde que assumiu a empresa prometendo intensificar o programa de desinvestimentos da empresa.
"Não há desmonte [da Petrobras], há simplesmente uma gestão de portfólio", defendeu Castello Branco, perante os deputados.
A Petrobras vem intensificando a venda de ativos nos últimos meses. Desde abril, já iniciou seis processos - os primeiros negócios lançados na gestão Castello Branco, sendo três polos de produção terrestre, a Liquigás, Breitener Energética e Compañia MEGA, na Argentina. Além disso, anunciou o registro da oferta subsequente de ações da BR Distribuidora.
Fonte: Valor