Segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, as usinas ainda estão mantendo a política de descontos aos distribuidores.
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Apesar dos preços internacionais do aço estarem mais elevados e com tendência altista, dificilmente as siderúrgicas brasileiras conseguirão acompanhar esse movimento no mercado interno curto prazo, num cenário em que os estoques dos distribuidores continuam elevados e que a entrada das importações só deve começar a ser reduzida a partir de outubro. Ao mesmo tempo, a melhora de preços no mercado externo torna a situação das siderúrgicas nacionais mais confortável, à medida que o prêmio - diferença entre os valores do aço nacional e importado - é reduzido. Segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, as usinas ainda estão mantendo a política de descontos aos distribuidores.
No fim de agosto, o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, informou que a empresa tem concedido descontos na faixa de 5% a 10% sobre os estoques de aço a distribuidores, mas que o preço continuava firme para as compras programadas. "Não há muito espaço para aumento do preço no mercado interno, porque as siderúrgicas têm capacidade ociosa, e existe possibilidade de entrar aço do exterior", diz o analista do BB Investimentos Antonio Emílio Bittencourt Ruiz.
No início de setembro, algumas siderúrgicas internacionais, como ArcelorMittal e ThyssenKrupp, anunciaram aumentos de preços para outubro. Os valores para exportação das bobinas a quente (usada na fabricação de máquinas, equipamentos e veículos) da China subiram 10,4% nos últimos dois meses, conforme um analista que pediu para não ser identificado. No mercado à vista, os preços internacionais do aço começaram a reagir, principalmente, em meados de agosto.
Os preços da bobina a quente ainda estão superiores aos do mês passado, mesmo com as quedas registradas na semana passada. Segundo o analista do banco Sicredi Carlos Kochenborger, os valores de exportação de bobinas a quente tiveram alta de 7% a 8% no período, considerando as referências da Ucrânia, da Rússia e os aumentos anunciados pela China. "A tendência é de alta, mas não espero um ciclo acentuado", diz Kochenborger.
Não se espera a retomada dos pedidos de importação no curto prazo. Segundo o presidente da empresa de representação comercial Imexbra Trading, Osvaldo Sicardi, a situação de "compasso de espera" em relação às importações prossegue. "Todo mundo está sobreestocado e esperando para ver como o mercado interno evolui após as eleições de outubro", diz Sicredi, acrescentando que haveria interesse em continuar importando se não fossem os estoques elevados.
Os níveis de estoques do insumo corresponderam a quatro meses de venda em agosto, assim como em julho, embora os distribuidores tenham começado a ajustar as compras. Em agosto, as compras de aço feitas pela distribuição caíram 20,6% na comparação com julho, de 403 mil toneladas para 320 mil toneladas. As importações dos associados do Inda se mantiveram na casa das 55 mil toneladas. "O ajuste foi feito pela redução das compras de aço das siderúrgicas", conta Loureiro. O total das compras ficou no mesmo nível das vendas, que somaram 319,8 mil toneladas.
De acordo com o Inda, as vendas aumentaram 1,2% em agosto em relação a julho, mas recuaram 4% ante agosto do ano passado, o que indica perda de espaço da distribuição para importadores que não fazem parte do setor. As importações totais de aços planos comuns (desconsiderando-se aços inoxidáveis, elétricos e de alta-liga) pelos associados do Inda, por tradings e empresas somaram 338 mil toneladas em agosto, acima das 310 mil toneladas de julho. Na estimativa de Loureiro, os estoques de aço devem corresponder a cerca de 3,6 meses de vendas em setembro, diante da projeção de compras 15% menores pelos distribuidores e vendas de 2% a 3% superiores às de agosto.
No mercado internacional, uma das razões para o aumento dos preços do aço são os ajustes na produção do insumo. Na China, maior produtor mundial de aço, a produção siderúrgica tem caído em decorrência da meta do governo do país de baixar o consumo de energia. Segundo dados da Associação Mundial do Aço (Worldsteel) divulgados hoje, a produção chinesa de aço bruto caiu 1,1% em agosto ante o mesmo mês do ano passado, para 51,6 milhões de toneladas métricas. Já o volume produzido pelos 66 países que reportam dados ao Worldsteel cresceu 4,2%, para 113 milhões de toneladas métricas.
Fonte: Agência Estado