Dificuldades de produção na Índia e a redução das vendas da Europa são dois dos fatores favoráveis ao aumento
A exportação de açúcar no primeiro quadrimestre deste ano pelas indústrias pernambucanas superou em três vezes os números do mesmo período no ano anterior. Os negócios totalizaram cerca de US$ 145 milhões, contra US$ 40 milhões entre janeiro e abril de 2009. As dificuldades de produção na Índia, o maior mercado consumidor do produto no mundo, e a redução das exportações da Europa são dois dos fatores que impulsionaram esse crescimento.
Por outro lado, o aquecimento da economia local resultou em um recorde nas importações do estado: juntas, as empresas locais importaram US$ 280 milhões apenas em abril de 2010. No acumulado do trimestre, a fábrica de resinas PET M&G Polímeros, a Petrobras e o Estaleiro Atlântico Sul foram as três empresas que mais realizaram importações, em valores. Juntas, as três corresponderam a cerca de 35% do total de US$ 900 milhões importado para o estado no período. Esse número corresponde a um acréscimo de 81% se comparado ao primeiro quadrimestre de 2009.
No caso do açúcar, as vendas ao exterior representaram um aumento de 255% em relação ao mesmo período no ano passado. Os números do Ministério já refletem a chamada primeira tela no ano para a exportação de açúcar do Nordeste brasileiro, que corresponde aos embarques da produção realizados entre março, abril e a primeira quinzena de maio.
Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, credita o bom desempenho do produto no mercado internacional a fatores externos. O principal foram os problemas ocorridos com a safra indiana. "A Índia está entre os grandes produtores de açúcar no mundo, mas também é um grande mercado consumidor. A seca atrapalhou a safra deles este ano e isso reforçou a importação", destacou Cunha.
Outro motivo que contribuiu para o aumento das exportações pernambucanas foi a queda nas vendas da Europa, que produz açúcar principalmente a partir da beterraba, no mercado internacional. A razão foi o resultado do contecioso solicitado por Brasil, Austrália e Tailândia na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra a prática de subsídios a agricultores. Também pode ter contribuído o aumento do consumo indireto do açúcar em produtos supérfluos, após a crise financeira mundial.
Mesmo assim, Cunha não acredita em um bom ano para a indústria do setor em 2010. "Alguns custos de operação subiram muito no último ano, principalmente insumos como o óleo diesel e a mão-de-obra. A indústria volta a moer em setembro, e deverá ser uma entressafra árdua por isso", aponta.
Mesmo com o crescimento das vendas de açúcar no mercado externo, o aumento das importações fez com que a balança comercial do estado entrasse mais no negativo. O resultado em abril foi de US$ 181 milhões, saldo entre US$ 99 milhões de exportações e US$ 280 milhões em importações. No acumulado do ano, até agora, foram US$ 404 milhões exportados e US$ 900 milhões importados.
Fonte: Diário de Pernambuco
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