As exportações do setor de joias cresceram 5% no ano passado, para US$ 3,3 bilhões. As vendas ao exterior mostram certa estabilidade desde 2016. Mas há quem esteja crescendo bem acima desse ritmo.
É o caso do empresário Manoel Bernardes, dono de joalherias em Minas Gerais. Ele decidiu sair da venda do tipo "pedra a pedra", quando se negocia uma gema de maior valor (uma turmalina, por exemplo). É uma venda demorada, difícil.
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Ele passou a investir em pedras de preço intermediário, que custam entre US$ 20 e US$ 300 o quilate como a morganita, da família da água-marinha. Bernardes exporta esse tipo de gema para a QVC, uma rede de TV a cabo nos Estados Unidos especializada em vender joias, artigos de moda e outros produtos para a casa.
A QVC, que faz parte do grupo de comunicação Liberty, do bilionário John Malone, costumava negociar joias feitas com pedras mais baratas. Mas começou a enfrentar forte concorrência. Decidiu, então, partir para pedras de maior valor.
"A QVC mudou a estratégia e nossas pedras se encaixaram perfeitamente", diz Bernardes. Suas exportações aumentaram 10% em 2018. Ele também despacha pedras para Idar-Oberstein, cidade alemã especializada em produzir joias para grifes de luxo.
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais, Écio Morais, diz que o Brasil poderia exportar muito mais se a carga tributária não fosse tão alta, na casa dos 40%. Na Índia, cujas vendas ao exterior somam US$ 10 bilhões por ano, a carga fica em torno de 10%, disse ele.
As exportações brasileiras mostram aumento expressivo se for considerado um período mais longo, de dez anos. A expansão deveu-se, em parte, à China. Pedras mais baratas eram enviadas aos chineses, para lapidação. Também ajudava o costume de se presentear funcionários públicos com joias - mas esta porta se fechou depois que o governo chinês endureceu a legislação para combater a corrupção.
Fonte: Valor