As exportações de bens dos países da América Latina e do Caribe devem crescer 25% em 2021, após uma queda de 10% em 2020. No entanto, a recuperação do comércio será assimétrica na região, podendo ser afetada pelas contínuas incertezas causadas pela covid-19.
O aumento será fomentado pela alta de 17% nos preços das exportações e pela expansão de 8% do volume exportado, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (7) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Por outro lado, o valor das importações de bens deve aumentar 32%, com avanço de 20% no volume e de 12% nos preços.
PUBLICIDADE
Segundo a Cepal, o aumento das exportações de bens na região em 2021 pode ser explicado especialmente pelo aumento dos preços dos produtos básicos — como minerais, petróleo e produtos agroindustriais.
“O comércio de bens latino-americanos e do Caribe se recuperou acentuadamente em 2021 devido ao aumento dos preços das principais commodities de exportação, à maior demanda de seus principais parceiros comerciais e à retomada da atividade econômica na região”, destacou a entidade no relatório.
O Brasil deve ter um aumento de 39% nas exportações de bens, de acordo com as previsões da Cepal — puxado por uma alta de 29% dos preços e de 10% do volume exportado. No lado das importações, a entidade calcula um avanço de 35%, com uma expansão de 27% do volume e de 8% dos preços.
Já o comércio de serviços ainda está sofrendo com os efeitos causados pela pandemia. Em particular, a Cepal destaca que a região depende muito mais do turismo do que outras partes do mundo, o que amplia as incertezas para países que dependem da reabertura do setor, especialmente no Caribe.
De acordo com o relatório, a variação prevista para 2021 nos valores das exportações regionais para a China é de alta de 35%, enquanto para a própria região da América Latina e do Caribe chega a 33%. As vendas para a União Europeia (UE) e para os Estados Unidos devem crescer 23% e 19%, respectivamente.
Incertezas
Vários fatores de incerteza ameaçam a recuperação do comércio exterior na região, segundo a Cepal. As desigualdades na campanha de vacinação contra a covid-19, as novas variantes do vírus, as pressões inflacionárias e a dificuldade dos países em manterem os estímulos fiscais do primeiro ano da pandemia são elementos de risco.
A Cepal também destaca as interrupções nas cadeias globais de abastecimento e o aumento dos fretes, citando que o custo médio global do frete de contêineres por via marítima cresceu mais de 660% de junho de 2019, antes da descoberta do vírus, até o momento.
Fonte: Valor