As exportações brasileiras de soja em 2021 alcançaram o recorde 86,6 milhões de toneladas, superando o resultado de 2018 – maior marca até então –, quando os embarques somaram 83,3 milhões de toneladas, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 4, pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), baseados na programação dos portos do país durante o ano.
A marca não chegou a ser uma surpresa, uma vez que, desde o início de dezembro, os relatórios de embarques demonstravam que o recorde havia sido batido, mas faltava apenas uma definição do número final para o ano. A soja é o principal item de exportação do Brasil.
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O resultado de 2021 superou em 5,3% os embarques feitos em 2020, quando as exportações totalizaram 82,3 milhões de toneladas. Segundo prévia da balança comercial, divulgada na segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a venda de soja ao exterior somou US$ 38,6 bilhões no ano passado, com crescimento de 35,3% (US$ 28,6 bilhões no ano anterior).
Com o atraso da safra 2020/21 de soja no Brasil, os embarques começaram tímidos no ano. Mas, desde abril, o fluxo ganhou fôlego e permitiu ao país quebrar o recorde. Contribuíram para este resultado a produção recorde do país no último ciclo e os problemas logísticos enfrentados pelos Estados Unidos – principal concorrente do Brasil neste mercado – em agosto, após a passagem do furacão Ida.
O entrave americano fez com que a China, maior compradora mundial de soja, aumentasse as aquisições de soja brasileira. No ano passado, quase 60 milhões de toneladas do grão brasileiro foram enviadas ao país asiático, segundo a Anec.
Embarques de milho caíram
Já as exportações de milho recuaram 38,5% de 2020 para 2021, de acordo com a Anec, passando de 33,4 milhões de toneladas para 20,5 milhões de toneladas. O número confirmou a expectativa de analistas, que previam uma redução de até 40% nos embarques.
O motivo já é conhecido no mercado. Se o atraso na colheita da soja não gerou problemas às exportações da oleaginosa, por outro lado, foi um dos responsáveis pela forte quebra da segunda (e principal) safra de milho no país, que recuou mais de 15% entre uma temporada e outra. O cultivo fora da janela ideal, somado à estiagem e à queda de granizo em algumas regiões, derrubaram o potencial produtivo e a oferta do cereal no país.
Sob este cenário, ocorreu uma disputa entre criadores, que necessitavam do milho para alimentar seus animais de abate, e importadores para ver quem pagava mais. O resultado é que os valores praticamente dobraram no mercado interno e boa parte do cereal permaneceu no Brasil.
“Devido à flutuação na quantidade de milho disponível para exportação, o mercado enfrentou uma grande quantidade de recompras de contratos (washout) e suas consequências, como reescalonamento de embarcações, novos contratos de vendas, entre outras coisas”, explicou a Anec, em relatório.
Ainda de acordo com a associação, esse cenário também fez com que o Brasil importasse 1,47 milhão de toneladas de milho no período, número acima do usual.
Por fim, as exportações de farelo de soja somaram 16,9 milhões de toneladas no ano passado, com alta de 3,1% sobre o resultado de 2020. Ao todo, os embarques de farelo, soja e milho somaram 124,1 milhões de toneladas em 2021, 6,4% menos do que no ano anterior.
Fonte: Valor