As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,02 bilhão em fevereiro, o que representou uma queda de 5,8% ante o mesmo período de 2013. “O resultado é preocupante, pois ocorreu em um mês com fatores positivos, com dois dias úteis a mais e uma desvalorização média do câmbio de 20,8%. A falta de competitividade dos nossos produtos tem gerado a perda de importantes mercados no exterior”, destacou o presidente da Fiergs, Heitor Müller. O saldo da balança comercial ficou negativo em US$ 530 milhões.
Tanto os produtos básicos (-31,5%) quanto o setor industrial (-1,4%) pesaram negativamente, sendo este último responsável por 87,3% de tudo que o Estado exportou. Devido a sua relevância na pauta gaúcha (20,1%), o segmento de produtos alimentícios exerceu a maior influência negativa ao reduzir em 23,8% os embarques. O desempenho também foi ruim em produtos de metal (-23,9%) e tabaco (-17,3%). Por outro lado, os destaques positivos vieram a partir dos produtos químicos (25,6%) e couro e calçados (9,2%).
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No que se refere aos destinos das exportações totais do Rio Grande do Sul, a China ficou na primeira colocação ao elevar em 177,8% os seus pedidos, basicamente soja. A Argentina garantiu a segunda posição e ampliou suas importações em 0,9%, em especial de partes e acessórios para tratores e veículos automotores. Na sequência veio os Estados Unidos, que incrementou em 3,5% as compras, principalmente de blocos de cilindros e cabeçotes para motores de explosão.
As importações totais tiveram queda de 6,5% em fevereiro, em comparação com o mesmo mês de 2013, somando US$ 1,55 bilhão. A maior queda ocorreu em bens de consumo (-6,8%), devido à retração de veículos automotores. Por outro lado ocorreram elevações em bens de capital (7,5%), veículos de carga; e bens intermediários (1,2%), naftas para petroquímica.
Produção industrial prioriza vendas internas
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou ontem que a produção da indústria de transformação brasileira está cada vez mais destinada ao mercado interno, em detrimento das exportações. De acordo com a entidade, o coeficiente de exportações líquidas, a diferença entre o valor das exportações e o valor dos insumos importados para a produção industrial, ficou negativo em 0,1% no setor em 2013. Os dados estão publicados no Coeficientes de Abertura Comercial, divulgada CNI, em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
Na avaliação dos técnicos, os números indicam que a indústria de transformação passou a gerar receitas com exportação inferiores ao dispêndio com insumos importados. A CNI informa também que o coeficiente de penetração das importações, que mede a participação dos produtos importados no consumo doméstico, atingiu a marca recorde de 22,3%, o maior valor desde o início da série histórica da pesquisa, em 1996.
Outro fator que influenciou, indica o estudo, foi a desvalorização do real: em dólares, as importações de produtos industriais cresceram 7% e, em reais, 18%. A CNI divulgou ainda que foi recorde o coeficiente de insumos importados, que representa a participação dos insumos importados no valor total dos insumos adquiridos pela indústria, atingindo 24,13% em 2013.
Contratação de mão de obra começa ano menor do que em janeiro de 2013
Pessoal ocupado pela indústria se manteve estável no mês de janeiro de 2014, em relação a janeiro de 2013, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no entanto, houve queda de 2%, sobre uma base de comparação que já havia caído 1,2% em relação a janeiro
de 2012. A variação mês a mês do pessoal assalariado na indústria vem se mantendo estável ou negativa desde janeiro do ano passado. Em 2013, em todos os meses houve queda em relação a 2012.
Nos últimos 12 meses, a queda acumulada do pessoal ocupado assalariado é de 1,2%. Os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul tiveram os maiores impactos na taxa nacional na comparação com o mesmo mês de 2013. O pessoal ocupado na indústria paulista caiu 3,1%, e o da gaúcha, 3,3%, o pior resultado nacional. Bahia (-3,2%), Paraná (-2,3%), Espírito Santo (-2,2%), Rio de Janeiro (-1,8%), Minas Gerais (-1,4%), Ceará (-1%) e Pernambuco (-0,5%) acompanharam as reduções no pessoal ocupado. Santa Catarina teve alta de 0,4%. A taxa atribuída pelo IBGE às regiões Norte e Centro-Oeste subiu 1,3%.
Apenas quatro setores pesquisados expandiram o pessoal ocupado em janeiro de 2014, em relação a janeiro de 2013, 14 caíram. A maior alta foi no setor de produtos químicos, de 1,9%, seguido pelo de fumo, com 1,4%, e pelo de alimentos e bebidas, com 1,2%. O ramo de calçados e couro teve a maior queda no pessoal ocupado, 6,6% ante janeiro de 2013. Produtos de metal (-6%), refino de petróleo e álcool (-5,8%), têxtil (-5,8%) e máquinas e equipamentos (-5,6%) são os outros que mais caíram. Outro dado da pesquisa, o número de horas pagas pela indústria ao pessoal ocupado subiu 0,1% em janeiro, ante dezembro, mas caiu 2,1% na comparação com janeiro de 2013. A queda manteve o número em patamares semelhantes aos de 2009, ano afetado pela crise internacional.
Os setores em que houve maior queda entre os 14 que recuaram foram os de fumo (-7,8%) e têxtil (-6,5%), e, entre os que subiram, se destacaram minerais não-metálicos (1,8%) e alimentos e bebidas (0,8%). Já em categorias regionais, a retração foi maior no Rio Grande do Sul e na Bahia, onde chegou a 4,1%. As regiões Norte e Centro-Oeste elevaram as horas pagas em 3,1% ante janeiro de 2013, e Santa Catarina e Rio de Janeiro também subiram, 1,1% e 0,9%. A indústria paulista reduziu as horas em 3%, resultado parecido com a mineira (-2,9%) e com a média da nordestina (-3,5%). A folha de pagamento real, que soma os gastos com pessoal, teve queda de 0,5% de dezembro para janeiro, mas subiu 3,7% de janeiro do ano passado para o deste ano.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)