Para contornar as dificuldades causadas pelo fato de bancos europeus estarem deixando de operar com o Irã, empresas brasileiras do setor de carne buscam bancos do Oriente Médio para garantir o pagamento de suas vendas ao país.
O Valor apurou que um trader de um grande frigorífico viajou para o Irã dias atrás para conversar com clientes e avaliar a situação dos bancos envolvidos nas operações de venda. A empresa, que pediu para não ser identificada, já estaria obtendo confirmações de crédito de bancos no Oriente Médio para fechar suas operações.
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Um trader de outro frigorífico, o Minerva, viaja na próxima semana para os Emirados Árabes Unidos e Omã para fazer contatos com bancos que possam fazer confirmações de crédito. Bancos de Reino Unido, Alemanha e Suíça, entre outros europeus, estão deixando de fazer essas operações por temor de violar as sanções ao Irã.
"É sempre bom ter flexibilidade nos negócios", disse Fernando Queiroz, presidente do grupo Minerva. Ele minimizou a importância da viagem, dizendo que ela não é "determinante para os negócios com o país". Segundo ele, as sanções não causaram nenhuma dificuldade nos negócios com o Irã.
Para vender para o Irã, exportadores precisam de um sistema de garantias - por causa das limitações externas que o país sofre para movimentar seus ativos. O comprador iraniano pede uma carta de crédito ao banco de seu país. Este documento precisa ser confirmado por um banco internacional de primeira linha e só chega ao exportador - brasileiro, no caso - após passar por um banco no Brasil.
Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne, sem os bancos europeus, o serviço em outras praças tende a ficar mais caro. Em geral, quem arca com a diferença são os importadores, e não o Brasil. Fonseca diz que, apesar das restrições da UE, não tem havido até agora atraso nos embarques para o Irã nem inadimplência.
O Banco do Brasil é a instituição que opera com mais frequência com bancos internacionais para fechar as operações. Questionado se mudou suas políticas após as sanções ao Irã, o banco disse: "O Banco do Brasil respeita as leis e as normas internacionais atualmente vigentes para operações com o Irã. Não existem restrições para o curso de transações que não contraponham essas normas."
Fonte: Valor Econômico/ Marcos de Moura e Souza, de São Paulo
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