A Abimaq credita o crescimento do faturamento ao PSI, implementado em junho de 2009 pela Indústria de máquinas e equipamentos registrou R$ 70 bilhões no faturamento nominal de janeiro a agosto deste ano, um aumento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2009, conforme estudo do Departamento de Economia e Estatística (DEEE) da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgado ontem (29/9).
A Abimaq credita o crescimento do faturamento ao Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), implementado em junho de 2009 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que dá incentivo aos financiamentos graças à sua taxa de 5,5% ao ano.
De acordo com Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, o PSI obedeceu a uma lógica anticíclica para compensar a escassez de crédito privado com recursos do próprio BNDES quando a indústria nacional sofria com a crise financeira.
Na comparação mês a mês (agosto deste ano com agosto de 2009), o faturamento da indústria de bens de capital foi apenas 4,6% maior, enquanto na análise com o mês imediatamente anterior (julho de 2010 com julho do ano passado) a diferença era de 19,1%.
"Isso se deve, inclusive, a uma base de comparação muito fraca, que foi o ano de 2009. No entanto, se compararmos o aumento do faturamento de julho para agosto deste ano, verificamos um crescimento de míseros 2%. O reflexo disso pode ser explicado, também, pelos números de julho de 2010, quando tivemos uma queda do faturamento em 1,6% na relação com junho deste ano", aponta.
Neto explica que, para os próximos meses, a tendência de queda no aumento do faturamento nominal da indústria de bens de capital mecânico deve se acentuar. Isso porque, se tirada a participação do Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame) — destinado a empresas de micro e pequeno porte — no faturamento do setor, que aumentou de 15% para 52% desde o lançamento do PSI, o volume de vendas seria muito mais baixo e decretaria um estado de emergência em toda a indústria.
Balança comercial
Apesar do quadro positivo, o executivo faz questão de ressaltar a dificuldade do produto nacional em competir com os importados. "Em julho deste ano, chegamos ao maior número de importações dos últimos 70 anos. Se o Governo Federal não fizer algo em prol da competitividade do produto nacional, aumentando, ao menos, em 35% a alíquota de importação das máquinas e equipamentos estrangeiros, a indústria brasileira caminhará para um futuro incerto", declara.
O déficit da balança comercial é uma das principais preocupações do setor e já acumulou, de janeiro a agosto deste ano, US$ 9,87 bilhões. "O que se nota é descuido ao analisar os índices de uma maneira geral. Quando falamos em aumento de faturamento, logo se cria uma expectativa otimista. Mas, na verdade, o que deve ser refletido é a base de comparação, uma vez que 2009 foi um dos piores anos da indústria nacional, e sem o PSI o setor estaria navegando em mares obscuros", analisa Aubert.
Durante os oito meses de 2010, o setor exportou US$ 5,6 bilhões FOB, 13,9% acima dos US$ 4,97 bilhões FOB registrados no mesmo período de 2009. Em compensação, as importações cresceram, de janeiro a agosto deste ano em comparação ao mesmo período do ano anterior, 27,7%, contabilizando US$ 15,5 bilhões FOB contra os US$ 12,1 FOB calculados em 2009.
O presidente da associação argumenta que, até o fim do ano, o setor acumulará um déficit equivalente a US$ 12 bilhões, se não forem tomadas medidas para reverter a entrada de produtos do mercado internacional que concorrem, de maneira desigual, com os do mercado nacional, uma vez que o "Custo Brasil" diminui a competitividade das máquinas e equipamentos brasileiros frente aos similares de outros países, principalmente da China. "Detemos a maior taxa de juros do mundo, maior número de impostos e tributos em um só produto. Isso, comparado aos equipamentos chineses, de menor valor agregado, se torna uma competição predatória", afirma Neto.
Empregos
O número de empregos no setor manteve a tendência de aumento de contratações. Em agosto, a indústria de bens de capital mecânico ampliou o número de carteiras assinadas para 248.843. O quadro atual representa um aumento de 0,5% em relação ao mês imediatamente anterior e de 7,7% na comparação mês a mês do ano anterior (agosto 2010 com agosto do ano passado).
Fonte: Brasil Econômico
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